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Reino Unido consagra poder feminino pela dinastia e pelo voto

A morte da rainha Elizabeth II na semana passada, além de grande consternação, revelou ao mundo uma foto emblemática. Mostra a monarca (registro acima)  apenas dois dias antes da morte – o que comprova sua força e espírito público – dando posse, em reunião íntima, à nova primeira ministra do Reino Unido, Liz Truss. De mulher para mulher, as duas estavam ali representando algo que causa admiração : o Reino Unido, quer por via da monarquia, que conserva há milênios, quer pelo voto, tem dado exemplo ao mundo de abertura para a presença das mulheres na política. Quando se deram as mãos, Elizabeth o fazia como chefe de Estado e Truss como chefe de Governo. 

Outros países da Europa como França, com a atual primeira ministra Elizabeth Borne, e a Alemanha, que teve Angela Merkel como primeira ministra de 2005 a 2021, considerada a mulher mais poderosa do mundo enquanto ocupou o cargo, também estão abertas a participação feminina no alto poder mas a Inglaterra, tida como nação conservadora, começou antes. Mais precisamente em 1979 quando Margareth Thatcher, conhecida como “dama de ferro” assumiu o cargo nele permanecendo até 1990. Depois dela foi a vez de Thereza May e agora de Truss que substitui Boris Johnson.

Já na monarquia britânica é certo que as mulheres chegaram ao poder não pelo voto mas substituindo pais ou outros parentes, mas, de uma forma ou de outra, em geral, deixaram um legado a ser reverenciado e tiveram destaque como agora acontece com Elizabeth que enfrentou guerras, crises, tragédias e a libertação das colônias africanas, durante 70 anos, com altivez, espírito de justiça e preocupação em manter seu povo unido em todas as circunstâncias.

A primeira mulher a assumir o Reino Unido por direito próprio foi a rainha Maria I,  filha do rei Henrique VIII e de Catarina do Aragão. Governou de 1553 a 1558. Apesar do pouco período entre a coroação e sua morte ela ficou conhecida como  Blood Mary (Rainha Sanguinária) por ter promovido perseguição aos protestantes  – era católica – mas também realizou reformas financeiras e a expansão naval do império. 

 Sucedeu-a a sua irmã, Elizabeth I  (ou Isabel I, nome de batismo), cujo reinado durou 45 anos. Em um período em que a religião estava excessivamente ligada ao estado ela fundou a Igreja Protestante Inglesa que deu origem à Igreja Anglicana, tão referenciada por Elizabeth II. Ficou conhecida como “Rainha Virgem” porque nunca quis se casar. Ela enfrentou com galhardia a guerra de 1588 entre a Inglaterra e a Espanha quando os ingleses saíram vencedores. Seu período ficou conhecido como “Período Isabelitano” em que a arte dramática teve seu apogeu através de Shakespeare.

 Depois dela, reinou a Rainha Vitória que ficou no poder durante 63 anos, de 1819 a 1901, e se destacou de tal forma que seu reinado foi conhecido como “Era Vitoriana”. No período, promoveu um grande desenvolvimento industrial e tornou o Reino Unido em “Império Britânico”. Na área dos direitos humanos aboliu a escravatura em 1838, garantiu o direito de voto aos trabalhadores em 1884 e reduziu a jornada de trabalho para 10 horas (na época era de 12 horas).

Tolhidas pelas regras da dinastia em que as mulheres só governam não havendo um filho homem do monarca para sucedê-lo no trono, depois de Vitória foi a vez de Elizabeth II, que conhecemos.  Na era atual, de monarquia parlamentarista, em que o primeiro -ministro é o chefe do Governo eleito pelo parlamento mas reconhecido pelo rei ou rainha, a expressão maior das mulheres na política foi Margareth Thatcher responsável,  em seu período, pela florescência econômica do Reino Unido, virando destaque na economia mundial.

 Chegou a enfrentar dificuldades no relacionamento com a rainha como na questão da guerra das Malvinas e da descolonização das colônias africanas, como defendia Elizabeth que acabou vencendo a refrega. No plano internacional defendeu seu país com unhas e dentes. Em 1976 vez um discurso duro acusando a União Soviética de querer dominar o mundo e ganhou de um jornalista russo a alcunha de “dama de ferro”. Quando todos esperavam que fosse se contrapor ela acabou adotando o apelido e passou a usá-lo na política. Conservadora ela promoveu uma grande reforma no estado privatizando muitas empresas públicas, sendo enfrentada pelo Partido Trabalhista.

Em meio a todo esse destaque feminino é preciso ressaltar que as três mulheres que chegaram ao posto de primeiro ministro no Reino Unido são do Partido Conservador que, pelos posicionamentos, não se destacaria como defensor da ascensão feminina. Já o Partido Trabalhista inglês, de esquerda, e que faz oposição aos conservadores, nunca escolheu uma mulher para tal posto.

Redação Blogdellas – Foto Divulgação

E-mail: redacao@blogddellas.com.br

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