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Aos 74 anos, pernambucana com deficiência auditiva, celebra formatura no ensino médio

Moradora de Araripina, no Sertão de Pernambuco, Catarina Ferreira Jorge, de 74 anos, realizou em dezembro de 2024 o sonho de concluir o ensino médio, um desejo que carregava desde a infância. Deficiente auditiva, Catarina enfrentou inúmeras barreiras ao longo da vida para frequentar a escola e precisou adiar seus planos de estudo por décadas. Contudo, com muita perseverança, ela conquistou o diploma na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), na Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Anízio Rodrigues Coelho.

Nos anos de 2023 e 2024, Catarina contou com o apoio fundamental de professores e da comunidade escolar, que ofereceram recursos adaptados às suas necessidades e incentivaram sua trajetória acadêmica. A aluna superou as limitações impostas pela deficiência auditiva e mostrou que nunca é tarde para aprender.

“Sempre tive essa dificuldade de estudar, pois algumas pessoas ouvintes não entendiam Libras para nos comunicarmos”, relata Catarina, que deu entrevista à equipe de comunicação da Secretaria de Educação de Pernambuco com a ajuda de um intérprete.

Catarina passou por dificuldades na infância, porém, ao cursar o ensino médio, encontrou novas formas de aprendizagem. “Ao ingressar na EJA, fui me desenvolvendo durante todo o período e consegui finalizar o ensino médio. O estudo foi muito importante para mim, porque eu me desenvolvia, e, na escola, eu também conheci amigos com quem socializava, aprendendo e ensinando”, conta.

Desde criança, a estudante teve dificuldade com o seu diagnóstico. Catarina nasceu com surdez, porém, devido à condição financeira da família, nunca conseguiu um tratamento de saúde adequado para que estivesse apta a realizar atividades como frequentar as aulas, por exemplo. Foram muitas as dificuldades na sua vida escolar por conta da deficiência. Mas, em 2020, concluiu o ensino fundamental pela EJA, e, somente em dezembro do ano passado, alcançou o marco final da sua jornada escolar, completando o ensino médio.

“A escola para Catarina foi uma forma de integrá-la à sociedade, visto que os filhos e netos já não estavam mais em casa e ela se sentia muito sozinha”, disse a professora e auxiliar da Erem Anízio Rodrigues Coelho, Keyla Mayane. Para concluir a sua trajetória, a estudante contou com o suporte necessário, incluindo a assistência de intérpretes de Libras para garantir acessibilidade e o entendimento pleno dos conteúdos.

Vinda de uma família humilde, Catarina sempre desejou completar o ensino médio e aprender Libras. Desde a infância, ela alimentava esse sonho, porém, devido a obstáculos como falta de acessibilidade nas escolas na sua época de infância e dificuldades financeiras da família para lhe proporcionar o suporte adequado, a estudante não teve, na época de infância e adolescência, acesso ao ensino que sempre almejou. Ao ter seu primeiro filho, Catarina decidiu focar na criação da sua família (ela criou, sozinha, quatro filhos). Ainda assim, nunca desistiu do seu grande sonho de um dia concluir o ensino médio.

A professora de AEE (Atendimento Educacional Especializado) e amiga de Catarina, Maria Elizete Lopes, relatou que, mesmo com as dificuldades, ela persistia. “Nunca se abateu diante dos obstáculos e nem desistiu de criar os filhos e tentar educá-los. Ela sempre teve esse sonho de estudar e aprender Libras”, enfatiza.

Longa jornada

Assim que foi possível, com os filhos já adultos, Catarina resolveu voltar a estudar. Enfrentou, na época, algumas dificuldades em relação à acessibilidade, pois, durante algum tempo, a escola em que estudava ficou sem intérprete de Libras. Mas, mesmo diante desses obstáculos, em 2020 ela conseguiu concluir o ensino fundamental. Em 2023, recebeu uma nova proposta de estudos: as professoras Maria Auricleide Neri e Ana Régia conversaram com a idosa, incentivando-a a voltar a perseguir seu sonho. Ao receber a notícia de que a Erem Anízio Rodrigues Coelho estava formando uma turma da Educação de Jovens e Adultos do ensino médio, Catarina matriculou-se.

A professora Keyla Mayane também reparou no seu entusiasmo ao aprender: “Ela tinha uma alegria contagiante e motivou a turma a usar a língua de sinais para que a interação fosse melhor. Gostava de apresentar os trabalhos, estar à frente da turma e ver que ela era vista, dava a sensação de não estar mais sozinha”.

A conclusão do ensino médio foi um marco importante na vida de Catarina. Ela é um exemplo de que a educação não tem limites de idade e que, com esforço e determinação, qualquer obstáculo pode ser superado.

Redação com assessoria Foto: divulgação

e-mail: redacao@bogdellas.com.br

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