Agélio Novaes:  “meu mundo é o papel”

 

Ele é Alagoano de Viçosa. Viveu no Recife durante anos. Hoje mora na bela praia de Guaxuma, de onde colhe inspiração. Com tesouras, estiletes, pinças, cola , verniz ,papel , revistas, ele monta sua base de criação e transforma as páginas das publicações em figuras recortadas, colagens. Usa com propriedade papéis que poderiam ir para o lixo e os transforma em arte. Um luxo. O trabalho de colagem desenvolvido por Agélio Novaes é único. Diferenciado.

 

 

Das figuras que surgem picotadas das páginas das revistas aparecem sereias, coretos com músicos, procissões , parque de diversões, blocos de carnaval…Ele explora minúsculos detalhes que fazem a diferença – Seja um pequeno relógio na parede, um vaso na janela, fivela no cabelo da moça, uma boneca , chapéus- Imagens diversas fazendo surgir belos quadros, telas de colagens, montagens criativas. Seus temas preferidos são as memórias afetivas . O cotidiano que movimenta o povo como a fé, o carnaval, os folguedos. E essas figuras ganham vida que mais parecem se movimentarem. Querer sair da moldura.

 

 

“Meu mundo é o papel, seja nas colagens, nas esculturas de machê e papietagens ou mesmos nas pinturas digitais, onde o resultado final é impresso em papel fotográfico. O papel é fundamental na minha arte. Desde pequeno gosto do manuseio e do resultado plástico que o papel me proporciona. Acho que nunca fui chegado as tintas. A variedade de cores e texturas dos papéis me bastam e me transportam para um mundo imaginário de cores e fantasias”, diz tentando explicar seu fascínio pelo que faz e faz bem.

 

Desenhista formato pelo Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco, artista plástico e cenógrafo, Ele sentencia que um bom desenho é o começo para a elaboração das suas colagens. Ensina que forma as figuras imaginadas como um quebra cabeça, procurando nelas desde a montagem cores e texturas que vai buscar nas páginas das revistas, recortando e colando, uma a uma, pacientemente, num suporte de madeira.

 

 

Tudo começou cedo. Quando Agélio já ficava encantado com fotos e ilustrações de livros, de revistas. “Lembro que aos 10 anos participei de um salão infantil de Arte em Maceió e a obra que apresentei já era colagem e ali traçava o que eu ia seguir. Eu gosto e gosto muito do que faço.

 

Viver da arte é um desafio imenso. Diz Agelio para contar em seguida que há três anos está aposentado da Companhia Brasileira de Trens Urbanos onde trabalhou anos como desenhista. Agora passou a ter mais tempo para se dedicar à sua arte e produzir bastante para mostras, exposições, individuais.

 

E o próximo trabalho já está agendado. “Sou o artista convidado para expor numa individual em novembro, aqui em Maceió, na Galeria Cultural do Teatro Deodoro. Estou produzindo para essa mostra que chamo provisoriamente de O papel Nosso de Cada Dia”. É a junção de toda a minha produção nesses três anos de pandemia. Apresentarei colagens, esculturas e infogravuras. Também haverá uma sala com referências a minha trajetória como cenógrafo, aderecista e figurinista teatral“, ressalta Novaes.

 

 

E quem inspira este artista que tanto encanta? A lista de referência é grande. Agélio contabiliza bom gosto: Wesley Duck Lee, Dega, Vick Muniz, João Câmara e Pedro Souza. Para encontrar o artista os interessados podem acessar o @agelionovaes.

 

Redação do BlogDellas

 

Fotos: Felipe Camelo e  acervo pessoal do artista.

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