Giro Político

Coluna política deste sábado

 

Frente Popular pode perder o apoio do MDB e PSD

 

Será uma semana de fortes emoções” declarou, ao Blog Dellas, esta segunda-feira, o deputado federal Augusto Coutinho para quem o nível de pressão no ambiente político iria às alturas com a aproximação do encerramento da janela partidária, que permite a mudança de partidos. E não deu outra: fora os problemas menores, a Frente Popular de Pernambuco, envolvida com uma má costura em torno da vaga do senado, chega ao final de semana com a possibilidade de perder o apoio de dois grandes partidos – MDB e PSD.

 

No MDB luta-se com unhas e dentes nos bastidores para garantir a formação de uma chapa de federal que garanta a reeleição do deputado federal Raul Henry. Se isso não ocorrer o partido pode ir parar nas mãos do senador Fernando Bezerra Coelho e ainda, ou também, nas da deputada federal Marília Arraes que arruma as malas para deixar o PT. O presidente nacional do partido, Baleia Rossi, deixou isso de forma clara em conversa com o governador Paulo Câmara.

 

No PSD não há neste momento qualquer garantia de permanência do partido na Frente caso o deputado federal André de Paula não seja candidato ao senado – recentemente a mesma vaga foi prometida ao PT. André falou, após encontro com Paulo, esta quinta que o problema não é mais dele mas com a nacional do partido “deixou de ser CPF e agora é CNPJ”, resumiu.

 

O caso Marília

Fora o imbróglio em torno das duas grandes legendas, um partido menor, o Solidariedade do prefeito de Olinda Professor Lupércio e do deputado Augusto Coutinho, pode vir a ser assumido pela deputada Marília Arraes, que já recebeu aval da presidência nacional e, se concretizando a situação, levará a legenda para a oposição. Marília que passou a semana nas manchetes sonha mesmo, segundo fontes petistas, com o MDB. Por via das dúvidas ela falou por telefone com o senador Jarbas Vasconcelos, ao qual teceu elogios, e esta sexta no Recife foi à mesa com o senador Fernando Bezerra e o filho Miguel, pré-candidato a governador.

 

.Quem está por trás de Marília?

Embora tenha se mostrado muito decidida nos vários pleitos aos quais concorreu, Marília tem surpreendido a classe politica que nunca acreditou que ela deixasse o PT. O conselheiro dela nessa empreitada tem nome e sobrenome: o publicitário Edson Barbosa, que foi um dos principais assessores do governador Eduardo Campos, é natural da Bahia, mas, mesmo saindo do Palácio, continua bem informado sobre a política pernambucana.

 

Tudo resolvido em Brasília

Para fugir da pressão local sobre possíveis futuros aliados, Marília resolveu fazer suas costuras por cima. Foi em Brasília que procurou as presidências dos partidos almejados. No Solidariedade esteve com o presidente Paulinho da Força e no MDB, sabendo da ligação do presidente Baleia Rossi com Raul, procurou primeiro o senador Renan Calheiros que abriu o caminho para ela chegar a Rossi.

 

MDB full time

Com receio de perder o partido Raul Henry está funcionando full time em busca de pessoas dispostas a disputar pela legenda, gerando a calda de que ele necessita para garantir a reeleição. O trabalho tem sido tanto que o deputado estadual Tony Gel cujo filho, Toninho, é candidato a federal no MDB, passou esta semana em reuniões seguidas na sede do partido fazendo contas e projetando votação. Chegou inclusive atrasado para o almoço da Alepe com Danilo Cabral. Raul precisa garantir pelo menos 190 mil votos – dele e dos demais – para conquistar sua própria vaga. Não é fácil.

 

Exemplo de Edson Vieira

O ex-deputado estadual Edson Vieira conta ainda hoje sobre o sufoco que enfrentou na eleição de 2006 quando formou uma chapinha pelo PSDC com o objetivo de se eleger. Acabou chegando lá mas diz que passou noites inteiras acordado durante a campanha e até as vésperas da eleição. Foi vítima inclusive de tentativas de chantagem pelos candidatos pequenos que, vendo que não iam se eleger, ameaçavam desistir. Depois disso Edson nunca mais quis saber de partido pequeno e nem de chapinha.

 

PT e Paulo atrás de Lula

Quanto ao episódio Marília, o senador Humberto Costa que é acusado por uma banda do PT de ter rifado o nome dela e de Tereza Leitão para indicar um apoiado seu, Carlos Veras, para o senado – o que ele nega – esta sexta recorreu a Lula – que não estaria atendendo telefonemas de Marília – para que ele entre no circuito impedindo que a mesma deixe a legenda. Ao mesmo tempo deputados do PSB na Alepe passaram a espalhar a versão de que o PSB aceitará o nome de Marília caso o PT se uma em torno dela.

 

Nota de Marília mais confundiu do que esclareceu

 

A nota que a deputada Marília Arraes soltou no início da noite desta sexta-feira sobre o caminho que irá percorrer deixou confusa toda classe política. Foi interpretada por petistas a ela ligados como uma evidência de que ela vai tentar formar um segundo palanque para Lula em Pernambuco e aos oposicionistas a de que ela  acabará por conta de Lula, permanecendo onde está, no PT. Ou seja: a nota mais confundiu do que esclareceu.

 

Fotos: Raul Henry (Wikipédia); Marília Arraes (Ricardo Labastier) e André de Paula (PSD-Divulgação).

 

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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