Venda (fusão) do Santa Maria envolve mais de 1 bi e é nova perda para ensino religioso

A venda – chamada fusão pela direção atual – do Colégio Santa Maria, que agora faz parte do grupo SEB, envolveu mais de R$ 1 bilhão (grupos de pais ligados à direção atual chegaram a divulgar um número maior: R$ 1 bilhão e 700 milhões). O blogdellas ouviu especialistas do ramo imobiliário que conhecem os imóveis da unidade Boa Viagem e da construção da unidade do Paiva e eles confirmaram que só o terreno de Boa Viagem teria um valor estimado em R$ 600 milhões. Além da parte imobiliária ,foram considerados no negócio o grande número de alunos e a infra-estrutura em laboratórios e outros equipamentos necessários, fora a credibilidade da instituição.

Além do vultoso investimento feito pelo novo empreendedor, o empresário Chain Zaher, CEO do SEB, o que demonstraria a excelência do Santa Maria tido como o melhor colégio de Pernambuco, esta quinta-feira, na área religiosa católica o que se comentava era mais uma perda para o ensino de orientação religiosa no Recife, após o fechamento dos colégios Nóbrega, fundado em 1917 e fechado em 2006, do Marista fundado em 1924 e fechado em 2002, do Rosa Gatorno, Nossa Senhora do Carmo e Sagrada Família.

Embora não seja um colégio como os demais, chamados de unidades de “confissão católica” pois são administrados por uma irmandade religiosa, o Santa Maria já nasceu católico por decisão de sua fundadora Maria das DoresMuniz de Melo, já falecida, e até hoje inclui o ensino religioso e a celebração da crisma e primeira comunhão dos alunos com a presença do arcebispo de Olinda e Recife.

A diretora atual Rosa Amélia Muniz, sobrinha da fundadora, informou que o novo grupo se compromete a preservar os ritos religiosos da instituição mas os pais imaginam que uma empresa privada dificilmente manterá isso por muito tempo.

Coordenadora do Conselho das Escolas Católicas de Pernambuco, representante no estado da ANEC (Associação Nacional de Escolas Católicas) a Irmã Alcilene, das Damas Cristãs, disse a este blog “lamentar que esta proposta tão bonita do Santa Maria, com mais de meio século, não continue. Não sei das motivações mas sabemos que a escola é de excelência, respeitadíssima, de uma credibilidade imensa que sempre se destacou sob o comando da família Muniz. Só temos que torcer para tudo isso possa ser preservado”.

O Santa Maria sempre se orgulhou por ter participado da formação de alguns dos maiores líderes políticos e empresariais de Pernambuco. Na verdade, a tradição dos colégios católicos na formação da elite empresarial e política do estado é antiga, vem do tempo da colonização, quando os jesuítas aqui se instalaram tendo como uma das suas mais destacadas escolas o Seminário de Olinda, onde estudaram os padres e demais líderes da Revolução de 1817 e da Confederação do Equador de 1824 que terminou com a execução do Frei Caneca.

Nos últimos anos, porém, as dificuldades financeiras levaram os colégios Nóbrega, Marista da Boa Vista, Rosa Gatorno e Nossa Senhora do Carmo a fecharem as portas. O Sagrada Família e o Vera Cruz foram negociados com ainiciativa privada, ainda conservando o ensino religioso, como se propõe o Santa Maria. Continuam em funcionamento, porém, o Damas, São Luis, Salesiano, Colégio Nossa Senhora de Lourdes, todos no Recife e a Academia Santa Gertrudes, em Olinda.

Pais comentavam esta quinta-feira que a idéia de usar o termo “fusão” e não venda para a transação foi uma forma de criar menos impacto na sociedade recifense onde a negociação do colégio foi assunto dominante desde o meio da tarde da quarta quando o blogdellas deu a notícia em primeira mão. Além disso um colégio que se funde com uma entidade passa a fazer parte dela e, portanto, perdeu seus direitos, coisa que só acontece com a venda de um negócio. Não se sabe se foi essa a motivação mas a verdade é que esta quinta, com mais serenidade, as discussões sobre o assunto esmaeceram.

Redação do Blogdellas. Foto de Chain Zaher: Revista Forbes.