Veja revela áudios de Mauro Cid dizendo que inquérito é “narrativa pronta”
Os áudios de curta duração divulgados pela revista ‘Veja’ nesta quinta-feira (21) e atribuídos ao ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mostram o militar declarando que o inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado é uma “narrativa pronta”. Cid também diz que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes já tem a sentença dos investigados. Segundo a reportagem, a gravação foi realizada na semana passada, depois que Mauro Cid prestou depoimento à PF, na segunda-feira 11. Na condição de colaborador e obrigado a falar a verdade, ele foi ouvido por nove horas seguidas. Logo depois, ainda segundo a Revista Veja, em uma conversa com um amigo, desabafou por quase uma hora.
Um dos áudios divulgados revela uma mágoa de Cid com Bolsonaro, seu ex-chefe. Segundo o ex-ajudante de ordens, ele foi o único que teve a carreira no Exército e a vida financeira prejudicada após o início das investigações.
“Quem mais se fu… foi eu, quem mais perdeu coisa foi eu. Ninguém perdeu carreira, ninguém perdeu vida financeira como eu perdi. Todo mundo já era quatro estrelas, já tinha atingido o topo. Presidente (Bolsonaro) teve Pix de milhões, ficou milionário, né? Tá todo mundo aí, político é até bom porque eles depois conseguem se eleger fácil. O único que teve pai, filha, esposa envolvido, o único que perdeu carreira, único que perdeu vida financeira toda fu… foi eu”, afirma o tenente-coronel.
Depois da publicação da reportagem, a defesa de Mauro Cid divulgou uma nota em que diz que o militar “em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade” da PF e da PGR (Procuradoria Geral da República) e classifica os áudios como “clandestinos”.
Mauro Cid foi preso em maio do ano passado, durante a Operação Venire da PF, que investigou fraudes em cartões de vacina contra a covid-19 da família de Cid e a de Bolsonaro. Em setembro, ele foi solto após acertar uma delação premiada, onde apontou o ex-presidente como o mandante das fraudes no sistema do Ministério da Saúde e revelou a existência de reuniões entre o ex-chefe do Executivo e comandantes das Forças Armadas para discutir uma forma de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Após a divulgação dos áudios, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para esta sexta-feira (22) um novo depoimento do tenente-coronel Mauro Cid. O depoimento ocorrerá na sala de audiências do STF e será presidido pelo desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes. Na sala, devem estar presentes apenas o depoente, sua defesa e um representante da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Redação com veículos (Revista Veja, Estado de São Paulo, Correio Braziliense e Agencia Brasil) Foto: Agencia Brasil
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