“Uma semana de altos e baixos para o presidente Lula”
A vitória acachapante do presidente de Donald Trump, comemorada em petit comité na mansão de Mar-a-Lago, na Flórida, na noite o dia do último dia 06, onde estava presente o deputado federal Eduardo Bolsonaro, não foi a única notícia ruim que o presidente Lula recebeu nos últimos tempos. O pior estava para acontecer na terça-feira, dia 12, quando Trump oficializou o senador republicano pela Flórida, Marco Rubio, como secretário de estado.
Já surpreendido em convescote com os Bolsonaro, ele ocupou a tribuna do Senado americano, em 2023, para a sugerir que o presidente Joe Biden responsabilizasse Lula “por sua simpatia pelo Partido Comunista Chinês, bem como por outras ditaduras sanguinárias como as de Cuba, Venezuela e Nicarágua”.
Junto com Elon Musk, outro graduado assessor de Trump e inimigo do PT, sabe-se lá o que Rubio, que dispõe-se a atuar na América Latina, pode criar de dificuldades para o Brasil. Bem fez Lula em parabenizar de imediato Trump e mostrar-se disposto ao diálogo com o novo presidente americano.
Queda de popularidade
As notícias ruins da semana, porém, não pararam por aí. A nova pesquisa da CNT mostrou esta quarta-feira uma queda de 5 pontos percentuais na popularidade do presidente, enquanto o mercado continuava nervoso pela demora do ajuste fiscal, elevando o dólar a níveis inimagináveis. Isso tudo, enquanto Lula fazia uma reunião atrás da outra com os ministros José Múcio Monteiro e Fernando Haddad para desatar o nó de um corte previsto na aposentadoria dos militares, sugerida por ele mesmo.
Com tantas notícias ruins no horizonte do Palácio do Planalto, caiu do céu a proposta da deputada federal Erika Hilton, do PSOL, de abalar as redes sociais com a sugestão de mudar a legislação que estabelece uma jornada de 6 dias de trabalho para um de descanso, batizada de“PEC da Folga”, que logo levou outros parlamentares a sugerir jornada de 5 dias de trabalho por dois de descanso e até de 4 de trabalho por 3 de descanso.
PEC da folga dá respiro ao Governo
Embora o assunto só possa ser tratado o ano que vem, o diminuto PSOL conseguiu transformá-lo em discussão do momento. O debate, de tão forte, fez com que a proposta que não passava de 30 assinaturas para tramitar na Câmara acabou rapidamente atingindo ultrapassando o limite necessário de 171 assinaturas.
Em dois dias de discussão o Brasil esqueceu o teto de gastos, a demora de Lula de enfim chegar a um consenso sobre o que cortar nas despesas do Governo, e a cena mais vista na Câmara dos Deputados era de Érika dando inúmeras entrevistas, acompanhando por um batalhão de repórteres e fotógrafos.
Foi justamente em uma dessas entrevistas que surgiu no radar outro assunto, capaz de sepultar por um momento as discussões sobre a escala de trabalho e chamar atenção de todo o país. A deputada saía de uma reunião com o ministro Alexandre Padilha, foi parada pelos repórteres e quando começava a falar, se ouviu um estrondo.
Homem-bomba abala a direita bolsonarista
Naquele exato momento surgia no horizonte um outro personagem, o chaveiro Francisco Wanderley Luiz, que arremessou uma bomba na frente da sede do Supremo Tribunal Federal (STF) e, acossado pela segurança, detonou outra sobre o próprio corpo, vindo a falecer.
O chamado “homem-bomba” não poderia ter escolhido pior momento para agir danificando a imagem internacional do Brasil às vésperas da reunião do G20, que vai reunir os principais chefes de estado de todo mundo no Rio de Janeiro a partir desta segunda-feira.
O caso virou assunto nos principais órgãos de imprensa do planeta mas, se foi ruim para o Brasil, não se pode dizer que o preocupante episódio, definido como “ triste e grave” pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, tenha abalado da mesma forma a esquerda brasileira e, com ela, o próprio presidente Lula.
Direita abalada
O assunto volta a tirar de cena a questão do teto de gastos e dos cortes na máquina pública, que estava tirando o sono de Lula, e sepulta o desejo do ex-presidente Jair Bolsonaro de conseguir que o Congresso aprove a anistia dos presos por terem depredado as sedes dos três poderes em 8 de janeiro de 2023.
Também foi para as calandras gregas, pelo que se comenta nos corredores do Congresso, o desejo dos bolsonaristas de conseguir que o seu chefe não seja condenado sob acusação de ter incitado a reação de 8 de janeiro e recupere os direitos políticos, a tempo de disputar a eleição de 2026.
O semblante do ex-presidente, que mudara para melhor após a vitória de Trump, voltou a demonstrar enorme preocupação. Bolsonaro apressou-se a divulgar uma nota conciliadora, condenando o extremismo e a polarização, antes incentivada por ele e por Lula.
Era tarde. O “homem bomba”, embora tenha se filiado ao PL em 2020 quando Bolsonaro nem imaginava ingressar no partido – só fez isso em 2022 – deixou um rastro de ligação com o bolsonarismo que não dá para negar.
O ministro Alexandre de Moraes, que andava calado, voltou à cena ressaltando que o ataque foi gerado no “ gabinete do ódio” e cravou que “impunidade vai gerar mais agressividade”. Quem tiver culpa que coloque as barbas de molho.
TEREZINHA NUNES do BlogDellas Especial para o JC – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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