Uma guerra a menos – Por Terezinha Nunes*
O mundo celebrou no final da tarde desta terça-feira o esperado anúncio de uma trégua na guerra entre Israel e o Herzbollah, iniciada em 8 de outubro do ano passado, um dia depois do início de guerra em Gaza, quando o Herzbollah atacou Israel em apoio ao Hamas. Em um cenário de tantas e preocupantes guerras, o fim, mesmo que possa vir a ser temporário – todos torcem para que seja definitivo – de uma delas é motivo de comemoração. Pela TV ou pelas redes sociais os cenários dos conflitos têm esgotado a capacidade da humanidade de presenciar pelas telas tanta dor e sofrimento dos civis e também dos soldados que são obrigados a lutar por seus países em conflitos, muitas vezes, evitáveis.
Para esse desfecho concorreu, não se pode negar, a disposição do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de terminar seu mandato – agora que vai ser substituído por Donald Trump – com alguma coisa a comemorar, após o fracasso nas tentativas de evitar a invasão da Ucrânia pela Rússia e a saída vergonhosa das tropas americanas do Afeganistão, deixando a população entregue aos terroristas do Talibã. Imagens do povo se pendurando em aviões, tentando desesperadamente uma fuga impossível daquele país, vão permanecer na memória de todos por muito tempo. Biden também não conseguiu convencer Israel a reduzir a carga de bombas e foguetes sobre Gaza que também sepultaram milhares de pessoas, a maioria civis.
Por incrível que pareça contribuiu para isso também a proximidade da posse do novo presidente norte-americano, Donald Trump, prometendo acabar em dois tempos os conflitos no Oriente Médio e entre a Rússia e a Ucrânia. Analistas internacionais lembraram neste final de semana que Trump estava fazendo, finalmente, Biden se mover. A França, também interessada em dar sua contribuição, agora que precisará se entender com Trump assim como toda a Europa, moveu Macron a mostrar que também tem poder de convencimento.
De qualquer forma, pelo menos este feito Trump não vai colocar no seu currículo. Agora fica desafiado, e pode até conseguir, a agir na guerra da Ucrânia, outro pesadelo que assombra o mundo pelo poder que tem de estender o conflito para outros países europeus. Trump também vai precisar dar força a Israel para se fortalecer diante do Irã que é uma ameaça aos próprios Estados Unidos, caso avance no poderio nuclear. Sem contar que o Governo do Irã arma grupos terroristas como Hamas, Herzbollah e outros mais para agirem como braço armado, sem qualquer compromisso com a sobrevivência do ser humano.
Como dizia Juscelino Kubitschek (“o otimista pode até errar mas o pessimista já começa errando”) ou Ariano Suassuna (“o otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”) resta esperar que novas notícias boas como a trégua no Oriente Médio voltem a pontuar o cotidiano da humanidade neste final de ano.
*Terezinha Nunes é jornalista e editora-chefe do Blogdellas
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