Tragédia e desunião entre governos marcam final de semana em Pernambuco

 

Paulo Câmara e Jair Bolsonaro – Foto Alexandre Gondim/JC Imagem


Os
dois campos ideológicos que dominam o debate político no Brasil não se unem nem quando a população passa por uma tragédia, como ficou patente este domingo em Pernambuco. Podem passar de 100 os mortos pelas chuvas, há 4 mil desabrigados, mas o inesperado aconteceu: enquanto quatro ministros davam coletiva na base aérea do Recife, após sobrevoar as áreas atingidas e prometer a ajuda necessária, o governador estava no Palácio das Princesas, reunido com toda sua equipe e as Forças Armadas, planejando o resgate dos mais de 50 desaparecidos. A 6 km de distância, os dois lados pareciam tratar de coisas diferentes.

Houve um desencontro de agendas entre os Governos federal e estadual para explicar tudo isso? Não foi porém o que aconteceu. A assessoria de imprensa do governador informou que ele não acompanhou os ministros em suas inspeções e nem os convidou para a reunião em Palácio porque eles vieram a Pernambuco sem avisar. Já o ex-ministro Gilson Machado (PL), candidato a senador e cobrado pela imprensa disse que o Governo sabia da chegada da equipe e não enviou sequer um representante e completou “governador, estamos lhe esperando aqui para trabalharmos juntos. Queremos abraça-lo e ao povo pernambucano”.

Se havia alguma dúvida de que a questão eleitoral dominaria o cenário da tragédiapernambucana os bolsonaristas não fizeram nenhuma questão de encobrí-lo. Na entrevista com os ministros estavam presentes Gilson Machado, o candidato a governador Anderson Ferreira(PL), o prefeito de Jaboatão, Mano Menezes,também do PL e deputados estaduais e federais que, informados da chegada, foram à base aérea, a maioria bolsonaristas.Hoje, o próprio presidente chega ao estado e anuncia R$ 1 bilhão para socorrer Pernambuco e Alagoas. Paulo Câmara afirmou que não vai ao encontro do presidente: “não fui oficialmente informado”.

Bolsonaro repete comportamento arredio

Entre as explicações de um lado do outro para a falta de sintonia, o presidente Jair Bolsonaro é useiro e vezeiro do expediente de causar confronto com governadores oposicionistas. E não apenas em Pernambuco. Já visitou populações vítimas de tragédia em São Paulo, por exemplo,  e fez questão de dizer que não gostaria de ter o governador João Dória a seu lado. Pernambuco já foi vítima de outras tragédias durante o seu mandato e ele aqui não apareceu. Independente da culpa de um lado ou de outro na verdade quem perde com isso é a população já tão sofrida e desassistida.


Candidatos suspendem agenda

Todos os pré-candidatos a governador e senador em campanha este ano suspenderam suas atividades até a próxima quarta-feira. Nas redes sociais e em comunicados à imprensa se solidarizaram com os atingidos. O prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia, decretou emergência no município, suspendeu os festejos juninos e informou que os recursos previstos para as festas serão destinados ao socorro aos desabrigados.

Municípios em estado de calamidade

São 14 os municípios pernambucanos que decretaram estado de calamidade e vão poder receber recursos do Governo Federal para reparar os estragos. Os ministros prometerem recuperar toda área de saúde afetada e os equipamentos urbanos destruídos. Também prometeram que a Caixa Econômica vai repassar aos municípios recursos suficientes para reconstrução das residências afetadas.

Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

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