Tocante e humanista: “A história de Nicholas Winton” emociona

 

“A Vida – A História de Nicholas Winton”, com Anthony Hopkins, um dos maiores atores ingleses da atualidade, acaba de chegar na Prime Video. É um filme necessário que resgata a memória de um grande humanista.

O longa-metragem ainda pode ser visto também nos cinemas, onde estreou no dia 14 último. É uma produção recente, de 2023, que retrata quem foi o extraordinário Nicholas Winton que, em 1938, durante a Segunda Guerra Mundial, foi visitar Praga e se horrorizou com a situação em que as famílias ali viviam por conta da forte influência da Alemanha nazista. Compadecido com a situação, o humanista Nicholas juntou-se a um grupo de apoio e conseguiu ajudar, principalmente crianças, um grupo de mais de 669, a fugirem do Holocausto e irem para a Inglaterra, antes das fronteiras serem fechadas.

Os anos que se seguiram deixaram Nicholas Winton atormentado, com o sentimento de culpa, pensando naqueles que ele não conseguiu resgatar. Somente quando ele reencontra uma sobrevivente que também socorreu no passado é que consegue se livrar do peso da culpa, segundo ele mesmo, “de não ter salvado mais gente”. O filme é baseado no livro biográfico com o mesmo nome da obra cinematográfica, escrito pela filha Bárbara Winton, lançado em 2014. O roteiro interliga dois períodos: 1938 e 1988. Anthony Hopkins vive o protagonista que na vida real era um corretor.

O filme pode ser visto ainda em alguns cinemas Recifenses e em paralelo na plataforma Prime. Essa produção vingou, a partir de 1988, quando o concorrido programa That’s Life, da BBC, convidou Sir Nicholas “Nicky” Winton, então com 79 anos, para participar de uma transmissão sobre um material que ele guardou por mais de meio século. Eram as fotos e listas das crianças, a maioria judias, que ele conseguiu transportar para a Inglaterra antes da invasão das tropas alemãs. O programa investigativo americano da rede CBS, 60 Minutes, também o entrevistou em 2014, quando ele já tinha 105 anos. Winton morreria um ano depois, aos 106 anos. Há trechos de ambos os programas no YouTube.

O roteiro do filme é de Lucinda Coxon e Nick Drake. Destaca com riqueza de cenas o período em que ele organizou o “transporte de crianças” para o Reino Unido, contando com valiosa ajuda logística de sua mãe Babette, uma imigrante judia alemã convertida à Igreja da Inglaterra. E segue uma dramaturgia relativamente convencional. O diretor, James Hawes, conta com um design de produção sólido, incluindo elementos autênticos – vistos, fotos de família, itens decorativos – para recriar de forma convincente tanto 1938 quanto 1988. A cinematografia também ajuda a distinguir entre essas tomadas temporais: a ação que ocorre em 1938 parece ter sido filmada com a câmera na mão. De qualquer forma, as imagens são muito mais comoventes do que as correspondentes a 1988, majoritariamente captadas por câmeras fixas.

O filme conta com excelentes atuações. Não só de Anthony Hopkins, mas também de Johnny Flynn no papel do jovem Winton. Independentemente de certa semelhança física e o gestual dos dois atores contribuírem para que o espectador acredite na evolução do protagonista. Além disso, o longa conta com um elenco secundário de luxo, incluindo Helena Bonham Carter e Jonathan Pryce.

A história emociona. Comove e provoca reflexão. É contada por um diretor que não abusa do sentimentalismo, mas tem um olhar diferenciado para a questão humanitária.

Redação Blogdellas – Fotos: Divulgação
E-mail: redacao@blogdellas.com.br

Compartilhar