Tentativa de golpe de estado cada vez mais perto do ex-presidente Bolsonaro

 

É impossível incriminar quem quer seja, sobretudo um ex-presidente da República, sem uma grande investigação e apresentação de provas irrefutáveis, mas com os poucos dias que tiveram até agora para investigar a invasão e depredação das sedes dos três poderes ocorrida dia 8, em Brasília, a Polícia Federal e os órgãos judiciais caminham, não se pode negar, para acumular provas que não só podem deixar em apuros o ex-ministro da justiça, Anderson Torres, cuja prisão já foi decretada, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, caso se comprove que ele, como seu ex-ministro, sabia da existência da minuta de um decreto de decretação de estado de defesa, encontrado na residência de Torres.

Ao ser ouvido pela Rede Globo esta sexta-feira, o professor e jurista Gustavo Sampaio, da Universidade Federal Fluminense, afirmou que, se for comprovada a autenticidade do documento em perícia, o ex-ministro pode ser denunciado por participação numa tentativa de golpe e, no mínimo, prevaricação, quando a autoridade sabe da existência de ato que fere a democracia e não o denuncia. No caso de Bolsonaro, ele não quis adiantar mas deixou claro que é preciso acompanhar atentamente as investigações daqui pra frente e apurar seu envolvimento. Se houver.

Mas, antes mesmo que essas investigações sejam concluídas, 80 Procuradores da República de todo o país, solicitaram esta quinta-feira ao Procurador Geral da República, Augusto Aras, a abertura de investigação contra Bolsonaro “por crime de incitação”. Eles anexaram ao pedido mensagens do ex-presidente nas redes sociais e vídeos produzidos ou reproduzidos por ele que poderiam ter levado seus apoiadores a tramar um golpe às instituições democráticas. Com base no que se tem conhecimento até agora, porém, o professor Gustavo Sampaio afirmou que por enquanto “é complicada a situação política de Bolsonaro mas a jurídica ainda não” pois depende do que disser Anderson Torres e dos demais acontecimentos.

Ligação entre os dois

Já de trabalha com a possibilidade de confrontar a última live do ex-presidente com o documento achado na casa de Torres. Haveria coincidências entre o que ele disse e o texto do decreto de estado de defesa. Informa-se nos bastidores do Congresso em Brasília que Bolsonaro preparou todo o circo mas, como deixa claro nas entrelinhas da live, não contou com o respaldo necessário. Este respalto ele imaginava vir do comandante do Exército, o que não ocorreu. Só a Marinha aparentemente topou a parada.

Lula e o tiro no pé

O presidente Lula pode dar dado um tiro no pé ao quebrar o sigilo do cartão corporativo de Bolsonaro. O resultado é que se comprovou que ele, Lula, gastou mais do que o ex-presidente em seu primeiro e segundo mandatos. No primeiro as despesas com o cartão corporativo foram de R$ 59 milhões e no segundo de R$ 47 milhões. Já Bolsonaro gastou R$ 32 milhões, menos ainda do que Dilma Rousseff que chegou a gastos de R$ 42 milhões no primeiro mandato. Além disso, os partidários de Bolsonaro estão divulgando na Internet que ele usou o cartão para pagar o transporte dos brasileiros que estavam na Ucrânia na guerra com a Russia e desejaram regressar e com os que estavam na China, na epidemia da Covid 19.

Exército no olho do furação

As Forças Armadas também podem ser envolvidas nas investigações brasilienses sobre o 8 de janeiro. Ouvido esta sexta-feira pela Polícia Federal, o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha disse que o Exército impediu a retirada do acampamento bolsonarista em frente ao QG de Brasília, de onde saíram os militantes, reforçados pelos ativistas transportados em 100 ônibus, para invadir a Esplanada dos Ministérios. Pode vir chumbo grosso por aí.

Dino quer extraditar Anderson Torres

Um sintoma de que o mar não está pra peixe, o ministro Flávio Dino deu até o dia 16 para o ex-ministro Anderson Torres voltar ao Brasil – ele se encontra nos Estados Unidos – e disse que, vencido esse prazo, vai pedir sua extradição. Já nos Estados Unidos 46 deputados do Partido Democratas estão exigindo do presidente Joe Biden a cassação do visto de Bolsonaro que vence no dia 31 deste mês. É aquela história: além de queda, coice.

Pergunta que não quer calar: como o Governo Federal vai explicar porque a ABIN alertou toda área de segurança da possibilidade de confrontos em Brasília e nenhuma providência foi tomada?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

Compartilhar