Suape diz que vai continuar pesquisa sobre tubarões, após ter comunicado desistência
Um dia depois de ter comunicado à Universidade Federal Rural de Pernambuco e à Fadurpe (Fundação Apolônio Sales), em reunião presidida pelo seu diretor de meio-ambiente Carlos Cavalcanti, a decisão de não mais continuar com a pesquisa sobre a presença de tubarões na costa pernambucana e de várias outras espécies marinhas, a empresa Suape informou esta terça-feira, após ser procurada por este blog, que vai executar a segunda parte dos trabalhos. Na segunda-feira, a decisão de suspender o projeto foi altamente comentada no meio cientifico pois a governadora Raquel Lyra, no dia 17 de março, havia assinado o convênio de repasse de recursos para a segunda etapa, tranquilizando os pesquisadores após a ocorrência de dois ataques seguidos.
Em sua nota, a empresa Suape diz que a primeira fase do convênio sobre a pesquisa, que teve início em 2021, se conclui no final deste mês e informa que a segunda parte está orçada em R$ 1,5 milhão com recursos da estatal e vai ser estendida à Região Metropolitana, ressaltando que a orla de Piedade, onde têm acontecido mais ataques, estava fora da primeira etapa. E que publicará um chamamento público “de acordo com a legislação vigente,” e que a conclusão do processo seletivo será de 90 dias e o contrato será assinado logo depois, com prazo de 12 meses de validade.
Diz ainda que esta segunda etapa será coordenada pela Secretaria de Meio-Ambiente e Sustentabilidade do estado e acompanhamento dos órgãos que compõem o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit). Não está claro se a Universidade Federal Rural, onde se originou a idéia de fazer a pesquisa através do professor Fabio Hazin, já falecido, vai continuar participando dos trabalhos. O nome do projeto de pesquisas é Megamar Fábio Hazin.
Este blog apurou, com pessoas que fazem parte dos estudos, que não era necessária uma nova licitação para a segunda etapa e que a decisão vai acabar retardando a pesquisa. Só existiria uma explicação para isso, o fato de Suape se afastar diretamente do caso repassando-o à Secretaria de Meio-Ambiente. Desde o governo Paulo Câmara, funcionários de Suape estavam incomodados com notícias que vinculavam o Porto à presença de tubarões na orla pernambucana e achavam que manter as pesquisas na estatal só reforçaria esta percepção. Na verdade, Fábio Hazin, o maior pesquisador da área, não culpava Suape mas “uma conjunção de fatores” nos quais o Porto estava incluído ao lado de outros como a existência de canal perto da praia pode onde os peixes circulam com velocidade, as correntes Sul/ Norte e a presença no local dos tubarões Tigre e Cabeça Chata, mais propensos ao ataque a humanos.
Redação blogdellas – Foto: Wikipedia
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