Sob a liderança de Miguel, nova geração dos Coelhos coloca o pé no Grande Recife

 

Nos anais do Congresso Nacional está registrado com destaque uma frase do senador pernambucano Nilo Coelho: “não sou presidente do Congresso do PDS. Sou presidente do Congresso do Brasil”. A frase de Nilo foi proferida em 1983 quando presidia o poder legislativo e havia acalorados debates na instituição sobre a volta das eleições diretas quando os militares tinham o poder de mando no país. Ainda hoje, ela é citada como exemplo da altivez e rebeldia do senador diante da pressão dos quartéis para frear a abertura política.

Filiado à Arena e depois PDS, Nilo ingressou na política em 1947 como deputado estadual e entre 1967 e 1971 foi governador indireto nomeado pelo general Castelo Branco. Teve seu mandato marcado, entre outras, pela obra de pavimentação da BR 232, que Liga Recife a Petrolina, integrando o sertão do São Francisco, berço da irrigação, à capital e gerando progresso no seu entorno. Com ele, os Coelhos de Petrolina entraram na política para não sair mais. Nilo faleceu em novembro de 1983, de infarto, ainda na presidência do senado. Seus irmãos Osvaldo, José, Augusto e Paulo seguiram seu caminho. No momento o sobrinho Fernando Bezerra é senador e tem o filho Fernando Filho na Câmara Federal.

Com a aposentadoria de Fernando cujo mandato se encerra este ano, o bastão está passando para seus filhos Fernando, Miguel e Antônio, deputado estadual. Diante da expressiva votação de Miguel para governador – teve 884 mil votos, terminando tecnicamente empatado, no primeiro turno, com Raquel Lyra, Anderson Ferreira e Danilo Cabral, Miguel resolveu manter escritório político no Recife e vai se dedicar a partir de agora a, mesmo sem mandato, atuar politicamente em todo o estado, lutando pela integração das diversas regiões pernambucanas.

Expressivo no Recife

Depois de Nilo, que integrou o São Francisco ao Recife, nenhum Coelho conseguiu vencer fortemente os limites de Petrolina. Fernando chegou ao senado no auge do governo Eduardo Campos mas sempre foi conhecido como político interiorano. Este ano, porém, a performance de Miguel Coelho animou seus correligionários. No primeiro turno ele teve 317 mil votos no Grande Recife , apenas 7 mil a menos que Danilo Cabral, que contou com toda a estrutura governamental. No geral, ficou em quinto lugar na Região Metropolitana, o que foi considerado um grande avanço pois estava politicamente restrito a Petrolina, cidade distante 700 quilômetros da capital. No interior, com 567 mil votos, ele ficou em segundo lugar, só perdendo para Marília que teve 736 mil votos.

Atuação iniciada

Encerrada a apuração, Miguel não perdeu tempo. Apoiou de imediato a candidata Raquel Lyra, que venceu a eleição em segundo turno, ajudando-a a conquistar 51,49% dos votos de Petrolina quando tivera menos de 3% no primeiro turno. No Recife, o ex-prefeito já reuniu todas as lideranças que o apoiaram na RMR e deve percorrer todo o estado para agradecer os apoios e integrar o grupo quando voltar e um período de descanso com a família. Ele não quer falar ainda sobre o que pretende fazer mas adianta “vou continuar com o escritório na capital e atuar politicamente”.

Prefeito de Jaboatão

Se ainda não quer falar sobre sua atuação em curto prazo, Miguel fala menos ainda sobre o médio e o longo prazo. No médio prazo começaram as especulações sobre a possibilidade de, usando o exemplo da administração que fez em Petrolina, ele vir a ser candidato a prefeito de Jaboatão, o segundo maior município do estado em população. Na eleição em primeiro turno ele teve 17,59% dos votos jaboatonenses ficando em quarto lugar. Anderson ficou em primeiro com 28,86%, Raquel em segundo com 21,49%, Marilia em terceiro com 19,19% e Danilo em quinto com 11,30%. Como Anderson não pode ser candidato e Marília possivelmente venha a disputar no Recife, o campo em Jaboatão está em aberto, se considerado o resultado de 2022. O atual prefeito Mano Medeiros é candidato à reeleição.

Pergunta que não quer calar: em que vai dar toda essa movimentação dos bolsonaristas, inconformados com o resultado da eleição?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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