Sem coligações, concorrência para deputado federal está maior que para estadual

 

Com 25 vagas de deputado federal e 49 de deputado estadual, Pernambuco sempre registrou ao longo das eleições um número de candidatos a deputado estadual muito superior ao de federal. Como o quociente (número mínimo de votos) para eleger um deputado federal é este ano de 170 mil votos e, para deputado estadual, é sempre metade disso, é dificílimo, por exemplo, que alguém do interior consiga se eleger para a Câmara Federal. Já na Assembléia o interior tem hoje mais de 70 % dos deputados, embora o Grande Recife concentre 40% do eleitorado.

Este ano, um fenômeno inverteu a lógica por conta do fim das coligações partidárias: o estado registrou no TRE 473 candidatos à Câmara Federal e 609 à Assembléia. Partidos maiores precisaram, com alguns médios e menores, formar chapinhas (a exceção é o PSB que está no poder) para eleger deputados e, se tiveram mais facilidade de conseguir lançar candidatos a estadual, a federal a questão complicou. Houve improvisações e hoje, pelo andar da carruagem, algumas chapinhas podem não vingar e tirar da Câmara deputados de destaque no cenário estadual e nacional.

Mesmo assim 473 pessoas acabaram se candidatando a federal de tal forma que a concorrência para a Câmara – 18,1 candidatos por vaga – está maior do que para a Alepe com 14,2 candidatos por vaga. No afã de formar as chamadas chapinhas (onde todos os candidatos estão em um só partido) “se catou camurim como quem procura agulha em palheiro” – comenta um deputado estadual de oposição. Camurim é o apelido de pessoas que formam as caudas das candidaturas entrando só para somar votos, mas sem qualquer possibilidade de se eleger. Formaram chapinhas partidos como PDT, MDB, PSDB/Cidadania e Podemos. O PSD só registrou dois candidatos a federal e estadual só para não ficar de fora. Até o dia da eleição o estresse será a tônica dessas legendas pois a experiência demonstra que alguns camurins desistem no meio do caminho.

Quem depende de chapinhas

Os deputados federais que dependem do êxito das chapinhas são Wolney Queiroz, Daniel Coelho, Raul Henry e Ricardo Teobaldo. No caso de Wolney e Teobaldo ambos estão cuidando de suas próprias candidaturas e se desdobrando para que os “camurins” pontuem também na eleição. Já Daniel Coelho, além dos votos de opinião na Região Metropolitana, passou a contar na TV com o reforço de Raquel e Priscila que estão pedindo explicitamente votos para ele. Raul Henry teve sorte na montagem da chapa com pessoas de tradição como Elias Gomes e de expressão no interior como Toninho, filho de Tony Gel, de Caruaru, e, sobretudo com a candidata Iza Arruda (de Vitória de Santo Antão) que ameaça chegar na urna com um caminhão de votos.

A confusão das pesquisas

Depois da eleição deste ano alguma coisa precisa ser feita para regulamentar as pesquisas eleitorais. Além de algumas pesquisas díspares para presidente, no Piauí esta semana o Instituto Datamax publicou levantamento apontando o candidato Rafael Fonteles, do PT, com 49,49% das intenções de voto e o candidato da União Brasil Silvio Mendes, com 44,53. No mesmo dia, o IPEC divulgou outra pesquisa mostrando Silvio com 43% e Fontelles com 29%. Um dos dois está errado e vai ser preciso um árbitro para intervir no jogo.

Danilo e Marília

Além de terem iniciado uma guerra na justiça eleitoral, um querendo prejudicar o outro, os candidatos Marília Arraes e Danilo Cabral estão se acusando, mutuamente, através de suas assessorias de imprensa, de deturpação na divulgação das decisões do TRE. Cada vez que sai uma punição para um dos lados, o outro divulga uma informação discrepante e vêm as acusações de “deturpação e fake news”. Ontem até os advogados das campanhas precisaram entrar em campo para explicar, linha por linha, as sutilezas dos despachos judiciais.

Perguntar não ofende: o PSB vai mesmo punir com mão de ferro quem dá qualquer aceno a Marília Arraes, seja do partido ou da Frente Popular?

 

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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