Seguidor do Papa Francisco, Leão XIV prega a paz, a unidade e o apoio aos pobres

Por Terezinha Nunes

Tido como moderado e fiel aos ensinamentos do Papa Francisco, que citou duas vezes em seu discurso e ao qual agradeceu e exaltou, o papa Leão XIV, 69 anos, apresentado ao mundo esta quinta-feira, demonstra que a Igreja Católica continua no caminho da inovação. Se Francisco surpreendeu por ser o primeiro papa latino-americano, nascido na Argentina, o novo pontífice é norte-americano, nascido em Chicago,  mas guarda um profundo vínculo com os latinos:  entre 1984 e 2023 viveu no Peru como missionário, padre e depois bispo e ganhou a cidadania peruana. De lá foi chamado a Roma para atuar na Santa Sé tendo sido sagrado cardeal em 2023, por decisão do Papa Francisco, que também o nomeou prefeito do Dicastério para os Bispos, a instituição que cuida da constituição e provisão de todas as dioceses.

Pouco conhecido no Brasil, Leão XIV fez questão de, em sua primeira fala na sacada do Vaticano – estava visivelmente emocionado –  não usar sua língua de origem, o inglês. Falou em italiano, a língua oficial do Vaticano, e, em seguida, se referiu ao povo do Peru e, então, se expressou em espanhol. Antes de sua escolha falava-se na possibilidade de o novo Papa ser norte-americano mas seu nome não chegou a entrar na lista dos prováveis papáveis.

Antes do conclave, ouvido pela imprensa, ele disse que “a Igreja não pode parar, não pode retroceder pois o mundo de hoje não é mais o de 15 anos atrás”.

 “Obrigada Papa Francisco”. Foram essas as primeiras palavras do novo pontífice. Depois disso ele agradeceu “a todos os irmãos cardeais”que o elegeram, acrescentando “ Vou caminhar com vocês, com a Igreja unida, com homens e mulheres fiéis a Jesus Cristo e sem  medo”. E continuou: “para vocês eu sou um bispo, como vocês eu sou um irmão”. Defendeu “uma Igreja que constrói pontes, com diálogo aberto. Sempre pronta para todos que precisam da nossa presença”. Enalteceu Nossa Senhora de Pompeia e rezou uma ave-maria, sendo acompanhado por uma grande multidão que, por diversas vezes, e aos gritos de “Viva o Papa”, não cansava de aplaudí-lo.

Além de demonstrar o desejo de seguir os ensinamentos de Francisco, Leão XIV é um entre os 80% dos 133 cardeais que votaram no Conclave e foram nomeados por Francisco, que renovou e expandiu os domínios da Igreja Católica nomeando cardeais africanos e asiáticos em um número jamais visto. Já se previa que o desejo de todos os cardeais de preservar os avanços feitos pelo papa anterior poderia levar um dos novos nomeados por ele a sucedê-lo mas nas bolsas de apostas citavam-se mais os italianos – há décadas, a Itália não faz um Papa – um cardeal francês e até norte-americanos, africanos e asiáticos. Leão XIV, Robert Francis Prevost, nem passou longe da lista.  Os católicos crêem que a escolha é dos cardeais mas inspirada pelo Espírito Santo de forma que não se pode antecipar o que vai acontecer. E foi o que se viu.

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