Redução da mortalidade materna avança em ritmo lento, alerta OMS
Apesar de queda nos últimos anos, a mortalidade materna ainda avança em ritmo considerado lento, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre 2016 e 2023, a média anual de redução foi de apenas 1,6%, índice que acende um alerta global sobre os desafios no acesso e na qualidade da assistência à saúde materna. A situação continua sendo um problema de saúde pública em vários países, refletindo desigualdades nos sistemas de atendimento.
O pesquisador e obstetra Marcos Nakamura, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fiocruz, aponta os fatores que ainda colocam em risco a vida de mulheres durante a gestação, o parto e o puerpério no Brasil. Além de doenças como hipertensão, por exemplo, o especialista destaca fatores sociais.
“A gente tem duas vezes mais mortes de mulheres pretas do que mulheres brancas. Então é importante que esses grupos com maior vulnerabilidade social tenham um olhar diferente no seu atendimento, porque elas estão mais suscetíveis a ter um desfecho negativo na gestação, no parto e puerpério. Também é importante garantir mecanismos de transferência de renda, para que mulheres que tenham maior vulnerabilidade possam ir nas consultas de pré-natal, acessar a maternidade de forma adequada”.
A realização de pré-natal em um ambiente estruturado é fundamental, lembra o especialista.
“Apesar de 98, 99% das mulheres no Brasil, hoje, fazerem pré-natal, a gente tem início tardio do pré-natal, perdendo oportunidade, muitas vezes, de fazer alguns diagnósticos mais precocemente. E também temos problemas, ainda, na regulação das mulheres de risco, pro pré-natal especializado”.
O pesquisador avalia que, apesar dos avanços, ainda há muito o que fazer. E destaca a importância da assistência qualificada e da atuação em rede para salvar vidas.
O pesquisador também destacou a criação da Rede Alyne, iniciativa que tem como objetivo reduzir a mortalidade materna no país, com investimentos do Ministério da Saúde em pré-natal, leitos canguru e reestruturação dos serviços de urgência e emergência, entre outras ações.
Redação com Rádio Nacional Foto: arquivo
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