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Recife Antigo se consolidou mas o Galo precisa de inovação

Ninguém duvida de que as maiores atrações do carnaval do Recife são o Recife Antigo e o Galo da Madrugada. Este ano, porém, dois anos depois da suspensão da festa, houve uma diferença entre eles: o polo do nosso bairro histórico se consolidou em animação, organização e atrações e por isso esteve cheio e confortável até a madrugada de quarta-feira. Já o Galo voltou o mesmo, com exceção da alegoria Galo Preto Ancestral, a mais bela de todos os tempos, como atestou nas ruas a população deslumbrada. No chão, onde reúne multidões cada vez maiores, daí ter alcançado o título de Maior Bloco de Carnaval do Mundo, no Guinness Book (livro dos recordes), o Galo estava menor. Claros foram observados na multidão, inclusive na avenida Guararapes, como mostraram as câmaras de TV, onde dá-se a apoteose.

Não é fácil se manter como o maior quando outros estados se esmeram para superá-lo mas é preciso ter humildade para reconhecer que repetir o mesmo modelo ano a ano pode não ser o suficiente para se manter gigante. Em 2023, com a população enlouquecida para brincar o carnaval, esperava-se mais do desfile. O que estaria acontecendo?. Este ano ainda pode-se culpar a pandemia que deve ter levado algumas pessoas a temer enfrentar multidões mas a falta de inovação vem lá de trás sem correção.

Uma delas é restringir a apresentação das grandes atrações a um praticado colocado no camarote oficial do Galo onde as atrações se apresentam. Nos trios vão os artistas pernambucanos que fazem o povo pular sem parar como Almir Rouche, André Rio, Spok, o maestro Forró, Nono Germano, Nena Queiroga, para citar só alguns. Mas, porque contratar artistas de fora que num trio também carregariam multidões mas se restringem a um local apenas? Sem contar que, não sendo tradicionais do frevo as vezes desanimam ao invés de animarem a multidão?

Outro erro foi acabar com o polo da Guararapes, criado na gestão do prefeito Jarbas Vasconcelos e do secretário Cadoca, que também foram responsáveis pela decisão de colocar um galo gigante na Ponte Duarte Coelho, fazendo a festa ganhar dimensões continentais. Com este polo muita gente ficava aguardando o bloco e orquestras de frevo de revezavam até a chegada dos trios elétricos.

Uma das jornalistas mais especializadas em carnaval de Pernambuco, a blogueira Letícia Lins, fundadora da troça “Nois sofre mais nois goza”, escreveu um belo artigo no seu blog “Oxe Recife” chamando atenção para outra lacuna: a pouca expressão dos carros alegóricos, segundo ela “incompatíveis com a dimensão gigantesca da atração carnavalesca. Os do Galo se perdem no meio da multidão, dos trios elétricos, da grandeza do nosso carnaval”- afirmou. Letícia chega a sugerir que o artista Leopoldo Nóbrega, responsável pela confecção do galo gigante, seja contratado para dar aos carros a dimensão que precisam ter.

Lembra que na forma atual eles mais parecem com os que ela via na infância em Vitória de Santo Antão nos desfiles dos clubes rivais Camelo e Leão. Não que esses não fossem belos mas adequados para uma festa onde não havia trio, nem camarotes e o carnaval se brincava no chão. Os carros do galo quase não são vistos pelos foliões quando deveriam ser a grande atração da festa.

Talvez esteja faltando maior empenho da Prefeitura do Recife para ajudar nas idéias e inovações a serem feitas no Galo. Afinal foi ele que mais chamou a atenção para o carnaval recifense e fez até o Polo do Recife Antigo se engrandecer pois a população acostumou-se a ficar na cidade e tomar as ruas em todos os dias de folia. Ganhar dinheiro é muito importante para a economia que cresce no entorno da festa carnavalesca mas é preciso regá-la com cuidado para que não venha a fenecer ou, no caso do Galo, a deixar de bater recordes como parece ter acontecido este ano.

Redação blogdellas – Foto: Divulgação

E-mail: redacao@blogdellas.com.br

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Um comentário

  • Luziana Carvalho

    Assistimos o desfile do Galo da Madrugada na Av. Sul, junto ao posto Petrobrás, ficou claro poucos foliões e os espaços vazios, como também a fraca decoração dos trios elétricos.
    No lado da Rua Imperial os ditos vazios, foi menor, talvez por ser a Imperial mais estreita.

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