Raquel vence com 58% dos votos e é o primeiro político do Nordeste a derrotar candidata de Lula

Além de ser a primeira mulher eleita governadora em Pernambuco, a candidata Raquel Lyra, do PSDB, é o primeiro político do Nordeste a furar a bolha da influência direta do presidente Lula sobre o voto regional. Desde que se firmou nacionalmente, Lula elegeu todos os candidatos a governador que apoiou na região. Com jogo de cintura e grande capacidade de negociação, Raquel conseguiu fazer prevalecer o voto Luquel (Lula e Raquel) derrotando a preferida de Lula, Marília Arraes, que teve apoio direto e declarado do ex-presidente.

A história da influência lulista em Pernambuco começou a mostrar sinais de fragilidade logo no primeiro turno, quando o candidato do ex-presidente foi Danilo Cabral. No primeiro turno, Lula aparecia todos os dias na TV pedindo votos para o seu preferido que acabou com pouco mais de 18% dos votos, em quarto lugar. No segundo turno as atenções se voltaram para Marília, que foi brindada com uma apoteótica caminhada do ex-presidente no Recife, mas que, ao contrário de Raquel, não soube administrar os entendimentos com o PSB e acabou não tendo o êxito pretendido.

Pode-se dizer que Lula também teve outra dificuldade para transferir votos tanto para Danilo quanto para Marília por conta do PSB, o mais forte partido de esquerda no estado e que dominou a política por 16 anos. Os grandes índices de rejeição do governador Paulo Câmara, que até o afastaram do palanque, apontavam, desde o início, que seria difícil vencer essa empreitada. Além disso, a rebelião de Marília Arraes dividiu a militância em duas, dificultando as campanhas dos dois.

Por fim, Marília não abriu espaço para a banda do PT que foi para Danilo no primeiro turno. Dirigentes petistas reclamaram durante todo o segundo turno da falta de influência na campanha da candidata do Solidariedade. O caldo entornou quando Marília desmanchou as articulações do PT para a vinda da ex-presidente Dilma ao estado, se recusando a comparecer com a desculpa de conflitos de agenda. Preferiu fazer carreatas na periferia do Recife do que ir ao grande ato em Olinda que reuniu milhares de pessoas.

O descaso dela chegou a um ponto que no próprio PT ninguém declarou voto em Raquel mas indiretamente a ajudou, abrindo exceção para que os dois mais importantes prefeitos do PT no estado, Márcia Conrado, de Serra Talhada e Luiz Aroldo, de Águas Belas, votassem em Raquel e Lula.

Redação Blogdellas – Foto: Divulgação

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