Raquel vai iniciar mandato com força política surpreendente

 

Ao se reunir com 160 dos 184 prefeitos pernambucanos esta quarta-feira, em Caruaru, a governadora eleita Raquel Lyra demonstrou que vai iniciar o seu mandato de 1.o de janeiro com uma força política poucas vezes vista no estado, em período democrático. Antes dos prefeitos, a quase totalidade das bancadas estadual e federal responderam ao seu convite para sentar à mesa – da esquerda à direita – e, se tiver habilidade política, ela pode fazer uma maioria confortável na Assembléia, pelo menos nos seis primeiros meses de sua administração quando, certamente, enviará projetos para a casa que garantam a execução do seu programa de Governo.

O que levou Raquel a esta aceitação tão grande em uma eleição que fugiu ao tradicional em Pernambuco, sendo disputada por cinco fortes candidatos? Um deputado estadual experiente analisa que ela foi beneficiada pelas próprias dificuldades que enfrentou: “com muito pouco apoio político no primeiro turno, o que fez com que muita gente não acreditasse no seu potencial, ela não se deu por vencida. Foi caminhando vagarosamente e, na medida em que não se vinculou a nenhum grupo político tradicional, chegou ao segundo turno sem amarras. Aí juntou a fome com a vontade de comer. Tinha inegavelmente a simpatia da grande maioria dos eleitores e como não possuia vinculação política forte, ao ponto de ser encarada como adversária, levou deputados e prefeitos a apoiá-la se graça. Sem qualquer compromisso”.

Vai caber a ela administrar este enorme palanque que conquistou, sem grande esforço. No primeiro turno, por exemplo, deputados e prefeitos que votaram nos demais candidatos tiveram que enfrentar em casa suas mulheres e filhas que queriam votar em Raquel. O voto feminino também empurrou os homens a estar a seu lado quando ela, quase empatada com Marília Arraes até então grande favorita, chegou ao segundo turno. No momento em que o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, a apoiou, tão logo foram apuradas as urnas, abriu caminho para o que viria a seguir. Nem mesmo a grande passeata que o presidente eleito Lula da Silva comandou no Recife ao lado de Marília adiantou. O povo e os políticos já tinham escolhido o seu lado.

Secretariado é a senha

É dito no meio político que a nova governadora gosta mais de administrar do que de falar de política. Ela tem, porém, se quiser, oportunidade de desfazer essa impressão a partir da escolha do seu secretariado. A equipe de transição, extremamente técnica, deixou os deputados estaduais e prefeitos com a pulga atrás da orelha. Mas se ela souber, sem fazer leilão, o que não é do seu estilo, mesclar os técnicos com políticos experientes que venham a acrescentar ao seu governo a questão pode estar resolvida.

PSB na oposição

Por enquanto a única certeza que se tem na Alepe é que o PSB vai ficar na oposição mas nem o partido do governador Paulo Câmara está unido em torno disso. O deputado estadual Jarbas Filho, filho do governador Jarbas Vasconcelos, que apoiou Raquel no segundo turno já declarou que fica na base da governadora. Outros estão sendo conversados mas Raquel não está fazendo questão de ser apoiada pelo PSB. Não perde a oportunidade, junto com Priscila, de dar estocadas nos socialistas.

Fernando Bezerra se despedindo, Duere chegando

Após oito anos de mandato, o senador pernambucano Fernando Bezerra Coelho se despediu dos colegas esta quarta-feira no plenário do senado. Fez um retrospecto de sua vida parlamentar e desejou sucesso a todos. Também que se despediu foi o senador Tasso Jereissatti, do Ceará. Em contraponto, tomou posse na cadeira de Jarbas Vasconcelos – licenciado por problemas de saúde, o economista e seu primeiro suplente Fernando Duere que fez um discurso de conciliação. Disse que as pautas nacionais não devem se discutidas a luz de ideologias mas dos interesses do país.

Uvas fazem sucesso no mercado interno

Enquanto são preocupantes as noticias para o mercado internacional de frutas do São Francisco, os produtores festejam a abertura do mercado interno. Segundo o produtor Sílvio Medeiros “nunca se vendeu tanta uva do São Francisco no mercado interno quanto no período de setembro a novembro deste ano. Falam em queda de consumo como um todo mas no caso das uvas as perspectivas são animadoras. Os brasileiros estão comprando e consumindo como nunca se viu”.

Pergunta que não quer calar: Quem vai ser o primeiro secretário anunciado por Raquel?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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