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Raquel perde mais um embate na Alepe. Eleito para o TCE derrotou o candidato da governadora

Com dificuldades para se relacionar com a Assembléia Legislativa, desde que assumiu o cargo de governadora em 1.o de janeiro deste ano, a governadora Raquel Lyra sofreu mais uma derrota na casa essa terça-feira. Se no primeiro embate não conseguiu eleger o presidente da casa – seu candidato era o deputado Antonio Moraes – mas o escolhido foi o deputado Álvaro Porto, dessa vez a derrota da governadora foi maior. O deputado do Rodrigo Novaes escolhido com uma votação expressiva – teve 30 dos 49 votos – é do PSB – partido que Raquel escolheu como principal opositor – teve o apoio do presidente Álvaro Porto, com o qual o Palácio não se entende bem, e sua vitória também fortaleceu o prefeito João Campos que trabalhou arduamente nos bastidores pelo seu nome e pode enfrentar Raquel em 2026.

Já o deputado apoiado pela governadora, Joaquim Lira (PV), teve apenas 18 votos – um voto foi nulo – apesar do Palácio ter trabalhando arduamente para fazê-lo chegar lá. Além da força descomunal do presidente da Alepe, Álvaro Porto, hoje uma liderança política em plena ascensão no estado, a governadora não conseguiu entusiasmar nem mesmo os deputados mais ligados ao Palácio das Princesas que até esta segunda-feira cantavam aos quatro ventos na Alepe que Rodrigo estava eleito.

Mudança é fundamental

“Desta vez ou a governadora muda por completo sua forma de trabalhar a política ou corre o risco de naufragar politicamente. Como está no início do mandato ainda dá tempo para uma recuperação mas isso se ela quiser e se seu entorno mudar de postura, deixando de lado a arrogância e as promessas não cumpridas”- disse a este blog um deputado que se disse “profundamente preocupado com a situação”. O Palácio cometeu vários erros no processo do TCE. Com duas vagas em disputa perder uma seria até explicável pela força de Álvaro que elegeu o advogado Eduardo Porto, seu sobrinho, por unanimidade. Para a segunda vaga, porém, era esperado que a governadora reagisse mas isso não aconteceu.

Primeiro não teria trabalhado para que a conselheira Teresa Duere, sua amiga, que se aposentou, adiasse por mais um mês seu pedido de aposentadoria para dar tempo ao Executivo de trabalhar a base governista. Pelo contrário, Teresa saiu tão logo se deu o primeiro escrutínio, e o presidente Álvaro Porto marcou para oito dias depois a segunda votação. Além disso não adiantou prometer algo aos deputados pois tem sido tão lenta a resposta em nomeações que ninguém acreditou. “Ela promete mas não entrega” foi o que mais se ouviu na casa legislativa nos últimos dias. Por fim, o Palácio deixou dois deputados aliados no meio do caminho: a deputada Débora Almeida, lançada para a vaga como nome de Raquel mas que foi obrigada a desistir porque nada se fez para ajudá-la, e o deputado Kaio Maniçoba, que disputava com Joaquim Lira, e, mesmo mostrando, em reunião com a cúpula governista, que tinha mais votos dos colegas que Joaquim e o ideal seria manter os dois para levar o pleito para o segundo turno, não foi ouvido. Saiu profundamente desapontado.

Amadorismo

Nos meios políticos pernambucanos é quase unânime a conclusão de que a governadora tem agido com amadorismo na política, apesar de ter sido deputada estadual por dois mandatos e prefeita de Caruaru por seis anos. “Até agora não entendi o que ela quer” afirmou a este blog um deputado de esquerda que torceu para ela tivesse um início de administração mais tranquiulo. O primeiro erro teria sido, segundo deputados estaduais e federais conservadores, a negação da classe política, compondo um secretário técnico e barrando as nomeações no segundo escalão para analisar uma penca enorme de currículos, o que levou os deputados a perder a esperança de participar da administração.

Outro erro teria sido deixar pelo caminho aliados fiéis como o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, um quadro técnico competente que todos esperavam ver numa secretaria de relevo e que teve 18% dos votos do estado para governador no primeiro turno. Miguel não só foi o primeiro a apoiá-la no segundo turno como bancou sua campanha no Sertão e nos outros municípios onde foi votado. Tornou-se um crítico da governadora. Depois disso ninguém mais acredita em reciprocidade nos entendimentos políticos com o Palácio.

Por fim, o Governo não está sabendo enfrentar seu principal calcanhar de Aquiles: o relacionamento com a Assembléia. A casa, sob o comando de Álvaro, é hoje um poder independente que o Palácio parecer fazer questão de ignorar. Ao invés de manter um permanente contato com os parlamentares e seus partidos, tudo é deixado para a última hora. E os pedidos, vindos da governadora ou da vice, são vistos como imposição e não como parte de um grupo que age em conjunto pelo interesse de todos.

Redação blogdellas – Foto: Divulgação

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