Raquel no Roda Viva nega centralização e diz querer ser “a melhor governadora de Pernambuco nesse momento”
Ao conceder entrevista no final da noite desta segunda-feira ao programa Roda Viva, da TV Cultura, onde enfrentou perguntas duras, a governadora Raquel Lyra atribuiu ao que chamou de “machismo estrutural forte” o fato de vir sendo qualificada, por setores da oposição e até por aliados, como uma governante “ extremamente centralizadora”. Ao responder à pergunta nesse sentido do diretor de redação do Jornal do Commércio, Laurindo Ferreira, único jornalista pernambucano presente na bancada de entrevistadores, ela começou falando : “ críticas eu vou ouvir até o final do meu mandato” para só depois , usando o discurso do machismo, concluir com uma pergunta “ falam também sobre ex-governadores controladores?”
No programa, o primeiro abrangente do qual participou desde que assumiu o Governo, Raquel foi posta contra a parede sobre seus quase seis meses de mandato e todos os problemas que vem enfrentando, na segurança, educação, saúde e no relacionamento com a Assembléia. Também precisou explicar o fato de ter bolsonaristas no segundo escalão do seu Governo e se relacionar bem com o presidente Lula. Em nenhum momento, porém, titubeou nas respostas. Só teve dificuldade quando foi indagada sobre o fato de ter ido para o segundo turno sob a comoção causada pela morte do seu marido. Com a voz embargada ela disse lamentar este tipo de comentário e lembrou que nem mesmo sabe como suportou o drama que viveu: “ se me perguntarem eu não sei se vou saber responder como eu enfrentei o segundo turno de tão abalada que fiquei ao perder uma pessoa com quem comecei a namorar aos 14 anos”.
“Agradeço os gestos de solidariedade e o apoio do presidente Lula”
Ponto a ponto da entrevista
Sobre o presidente Lula ela agradeceu duas vezes “os gestos de solidariedade”que dele vem recebendo e o fato de vir sendo muito bem tratada pelos ministros. Não quis falar em apoio ao presidente mas sublinhou “ eu o receberei bem todas as vezes que ele estiver no Estado, sobretudo porque tem vindo ajudar Pernambuco”.
Sobre a possível privatização da Compesa, ela disse que não há nem no Governo do Estado e nem no Governo federal disponibilidade de recursos públicos para garantir o abastecimento d’água e o avanço do saneamento de que a população precisa, havendo necessidade de ir em busca de recursos privados. Evitou, porém, a palavra privatização. Falou que tem discutido com o BNDES a concessão administrativa, no mesmo modelo adotado em Alagoas e outros estados.
Não faço política com o chicote na mão”
Sobre o relacionamento com a Assembléia, ela explicou que antes mesmo de assumir iniciou diálogo com os deputados e esse trabalho continua. “Não faço política com o chicote na mão. Temos um Governo Novo, com idéias novas e uma Assembléia nova. O que nos une é maior do que o que nos separa. Trato a casa legislativa com respeito e entendendo as prioridades dos parlamentares. O que precisamos em Pernambuco é transformar patamares em indicadores e conto com o apoio dos deputados para isso”.
Sobre segurança, Raquel disse que o Pacto pela Vida caiu de patamar ao longo dos governos do PSB e a violência voltou a aumentar. Prometeu ainda em julho lançar o seu projeto “Juntos pela Segurança” que vai ser construído com a participação da sociedade e tem como metas principais reduzir substancialmente o número de homicídios, de feminicídios e de estupro.
Sobre as 60 mil creches que prometeu afirmou que vai cumprir com o compromisso através do programa Juntos pela Educação, já lançado, e que vai ter um orçamento de R$ 5 bilhões e 500 milhões durante o seu mandato. Negou que a secretária de educação do seu Governo tenha sido indicada pelo PL, afirmando que conheceu a mesma como secretária executiva de Eduardo Campos.
“O diaólogo com os professores vai continuar”
Sobre o relacionamento com os professores explicou que o projeto em discussão na Alepe é de pagamento do piso mas que o diálogo com os professores continua e que, tão logo o estado tenha condições financeiras, vai melhorar o salário geral da categoria e de outras que também estão reinvindicando e merecendo melhor tratamento.
Sobre a crise na saúde provocada por falta de leitos de UTI para as crianças vítimas de doenças respiratórias, ela disse que está ampliando o número de leitos e que vai contar, assim como outros governadores, com o apoio do Governo Federal.
Sobre a falta de merenda nas escolas explicou que aconteceram problemas pontuais por falta de contratos no início do Governo e de renegociação com fornecedores que precisaram ser enfrentadas. “Encontrei 40 escolas sem qualquer contrato ou providência para fornecimento de merenda mas isso tudo foi corrigido”. Atribuiu a dimensão que o assunto tomou “a fake news”.
Sobre eleições municipais não quis se pronunciar, afirmando que só fará isso no próximo ano. Indagada sobre a possibilidade do prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro, se aliar ao PSB ela desconversou mas garantiu que vai apoiar a reeleição do seu ex-vice: “ele sabe disso”- concluiu.
“O PSB de Eduardo não existe mais”
Indagada sobre o PSB e se o partido vai deixar de existir no estado após a derrota que sofreu em 2022, ela afirmou “o PSB de Eduardo, da educação, da saúde, da segurança não existe mais”. Afirmou que não tem problemas de diálogo com o prefeito João Campos: “ele é prefeito da capital e o respeito, assim como vou ajudar nas ações que visem a melhoria de vida do povo do Recife.”
Sobre o aborto ela disse que pessoalmente é contra “mas nos casos em que a legislação permite como quando se trata de estupro, de violência e dos anecéfalos a lei deve ser cumprida”.
Sobre o fato de poder vir a disputar a presidência da República ela respondeu “sou candidata a melhor governadora que Pernambuco possa ter nesse momento”. E sobre a marca que pretende deixar ela foi clara: “a marca da educação. Só com educação vamos poder corrigir das desigualdades sociais do país”.
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