Quem da família Bolsonaro tomou vacina contra COVID-19?
O dia começou cedo. Com a prisão do tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, pela PF. Em seguida, a operação da PF que apura suspeita de fraude em dados do Ministério da Saúde se estendeu à casa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele negou que tenha adulterado seu cartão de vacinação e reiterou que não foi imunizado contra a Covid-19, declarando-se surpreso com a operação de busca e apreensão da Polícia Federal em sua casa, em que teve seu telefone celular apreendido.
“Eu realmente fico surpreso…Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum. Não existe adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina e ponto final”, disse aos jornalistas em frente à sua casa em Brasília, confirmando que seu telefone celular foi apreendido pelos agentes da PF.
O ex-presidente e seu ajudante de ordens, foram alvo da operação da PF que investiga a inserção de informações falsas no banco de dados oficial do Ministério da Saúde sobre vacinação, e três de seus auxiliares mais próximos também foram presos entre os seis mandados de prisão cumpridos pela PF, de acordo com fontes com conhecimento da operação. Em entrevista em seguida à Jovem Pan, o ex-presidente disse que a operação da PF faz parte de uma campanha de “pressão 24 horas por dia” que ele vem sofrendo e que o objetivo da ação em sua casa foi “esculachar”. Bolsonaro teria que prestar depoimento ainda nesta quarta-feira à PF em Brasília, mas seus advogados pediram o adiamento da oitiva, de acordo com uma fonte. O ex-presidente deixou sua casa em direção à sede do seu partido, o PL.
Durante a pandemia da Covid-19, doença que matou mais de 700 mil pessoas no Brasil, Bolsonaro por diversas vezes divulgou informações falsas sobre vacinas e questionou, sem apresentar provas, a eficácia dos imunizantes. Ele repetiu diversas vezes que não se vacinaria contra a doença. Segundo a PF, a operação “Venire” busca esclarecer a atuação de associação criminosa constituída para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
Quem da família tomou vacina?
A pergunta está no topo da lista de dúvidas após a operação da Polícia Federal realizada nesta quarta-feira na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, em um condomínio de Brasília, por suposta falsificação do certificado de vacinação do próprio Bolsonaro, de sua mulher, Michelle, e da filha do casal, Laura. Afinal, quem da família Bolsonaro tomou vacina contra a Covid-19?
Michelle também seria um dos alvos da investigação, junto com o marido e a filha, Laura. Ontem ela teve o celular apreendido pela PF. Em setembro de 2021, o governo informou oficialmente que ela teria se vacinado em uma viagem para Nova York, nos Estados Unidos, por sugestão de seu médico. Pelas regras do governo do Distrito Federal, onde mora, ela poderia ter se vacinado pelo SUS no Brasil. “Antes de retornar ao país, Michelle submeteu-se ao teste de PCR, obrigatório para autorização de embarque e, durante a realização da testagem, a primeira-dama foi indagada pelo médico se ela gostaria de aproveitar a oportunidade para ser vacinada”, informou uma nota da Secretaria de Comunicação da União, na ocasião.
Em dezembro de 2021, o então presidente disse que a menina, com 11 anos na época, não iria tomar vacina contra a Covid-19, apesar de resolução da Anvisa que autoriza a imunização de crianças de 5 a 11 anos. “O que posso falar é o que estão (sic) nas notas da Pfizer. Tenho conversado com o [ministro da Saúde, Marcelo] Queiroga nesse sentido. Ele, dia 5, deve citar normas de como devem ser vacinadas as crianças. Eu espero que não haja interferência do Judiciário. Espero, porque a minha filha não vai se vacinar, estou deixando bem claro. Ela tem 11 anos de idade”, declarou Bolsonaro na ocasião.
Segundo a colunista Malu Gaspar, o esquema de falsificação de cartões de vacinação que foi alvo da operação da Polícia Federal envolvendo Bolsonaro, Michelle, Laura e outros começou em Goiás com o preenchimento de um cartão de vacinação comum, em papel. Primeiro, um médico da prefeitura da cidade de Cabeceiras ligado ao bolsonarismo preencheu o cartão de vacinação contra a Covid-19 para Bolsonaro, Laura, o ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid, e sua mulher. Ao longo de sua gestão, Bolsonaro se recusou a informar se tomou a vacina contra a Covid-19. Questionado por meio de Lei de Acesso à Informação, o governo impôs um sigilo de até cem anos aos dados sob a justificativa que isso se referia à vida privada do então presidente. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi vacinado contra a Covid-19 em agosto de 2021, aos 37 anos, em Brasília, sem usar máscara. O filho 03 de Bolsonaro postou um vídeo nas redes sociais em que aparece sendo vacinado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Ele postou o vídeo da vacinação em sua rede social e deu crédito ao pai.
O senador Flávio Bolsonaro foi o primeiro homem da família a tomar a vacina contra a Covid-19, em julho de 2021. Em um vídeo publicado no Twitter, o parlamentar aparece ao lado do então ministro da Saúde Marcelo Queiroga, que aplicou o imunizante, e ironizou sobre a postura negacionista do presidente da República, Jair Bolsonaro, que se manifestou diversas vezes contra as vacinas. “Acabo de me vacinar contra a Covid. O Ministro Marcelo Queiroga me vacinou com a AstraZeneca/Fiocruz, produzida no Rio de Janeiro, eficaz e bem mais barata que a de outros fabricantes. Obrigado ao “negacionista” Jair Bolsonaro por garantir a vacina nos braços de todos os brasileiros!”, ironizou Flávio em seu perfil na rede social.
Em janeiro de 2021, após circular a informação de que Carlos Bolsonaro teria furado fila para tomar o imunizante no Hospital do Exército no Rio, ele usou seu perfil no Twitter para negar o fato: “A única coisa que devo ter furado deve ter sido a mãe de quem divulga mais uma fakenews de nível global e diária! A escória não vive sem mentir e manipular! Não tomei vacina alguma!”. Segundo publicou o colunista Ancelmo Gois, Carlos teria se vacinado em setembro de 2021 no posto de saúde da Câmara de Vereadores do Rio.
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