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Publicitário cria mascote para a seleção brasileira feminina: Canarinha Guerreira

-Personagem não-oficial foi inspirada no Canarinho da equipe masculina e vai à Austrália –

Enquanto as jogadoras da seleção brasileira de futebol feminino se preparam para entrar em campo na Copa do Mundo Feminina, na Austrália e na Nova Zelândia, uma torcedora de última hora está prestes a cruzar o oceano rumo ao mundial: é a Canarinha Guerreira. Ela é uma mascote não-oficial criada pelo publicitário paulistano Gabriel Morais e um grupo de amigos torcedores.

A ideia é criar uma versão feminina do Canarinho, mascote oficial da seleção masculina desde 2016, para não só apoiar a seleção feminina, como também chamar a atenção para a ausência (e a importância) de uma correspondente feminina. “Faltava uma conquista importante para esta Copa: uma mascote mulher, que represente o espírito da Seleção Feminina de Futebol”, diz Gabriel, que é professor da Miami Ad School em São Paulo e já trabalhou em agências como Saatchi & Saatchi em Londres e AKQA em São Paulo.

Este espírito, na visão do publicitário, traz atributos como força, coragem, determinação, senso de dever e honra, e disposição de lutar pelo que acreditam. “A canarinha guerreira é carismática, vibrante, otimista, e não tolera arrogância, egoísmo e desrespeito”, avisa. Ele e seus parceiros e parceiras desenharam a personagem e vão produzir a fantasia, pelúcias, camisetas e bandeiras para levar à Austrália. Também lançaram uma campanha de financiamento coletivo no site benfeitoria.com.br para arrecadar a quantia necessária para chegar até lá.

Gabriel afirma que já tem duas voluntárias para incorporar a mascote no país sede dos jogos. A fantasia foi fabricada em São Paulo pela Bonecos e Mascotes, a mesma empresa que produziu o Canarinho que circulou pelo Qatar, além de outros mascotes famosos, como os do Palmeiras, do Botafogo e do Juventus.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por sua vez, confirmou que o mascote oficial – chamado por muitos carinhosamente de canarinho pistola, pelo seu semblante enfezado – também estará na Austrália. Segundo a assessoria da CBF, o canarinho irá cumprir agenda, que inclui participação para produção de conteúdo referente ao Mundial e também para a sua rede social oficial (@cbf_canarinho).

Vale lembrar que a FIFA criou uma mascote feminina oficial para os jogos, a pinguim adolescente Tazuni, cujo nome é uma fusão do lugar de onde vem a mascote, o Mar da Tasmânia, e a palavra “unity” (união). Todas as copas anteriores tiveram mascotes femininas, desde a passarinha Ling Ling, na China, em 1991, passando por uma gata chamada Karla Kick na Alemanha, em 2011, até a pintinha Ettie, apresentada na Copa da França, em 2019, como filha do mascote Footix, da Copa do Mundo Masculina de 1998.

Aqui e ali, encontramos mascotes femininas em times de mulheres no futebol e em outros esportes, muito frequentemente em versões femininas dos já consagrados nos times masculinos. Como a leoa Stella, mascote do time feminino de Fortaleza. É o que ocorre em diversas seleções femininas disputando a Copa da Austrália.

Personagem foi inpirada no Canarinho da seleção masculina.

Recentemente, o time de rugby do Brasil repaginou seu visual e deixou de se valer do símbolo da seleção masculina na camisa, o Tupi, passando a estampar a Yara, “senhora das águas” e personagem da mitologia tupi-guarani. O designer gráfico paraense Obadias Souza, que vem criando mascotes para diversos times de futebol no Pará, conta que teve até hoje apenas uma demanda de mascote feminina: em março, criou uma guerreira com ares de super heroína dos filmes da Marvel para o time 10 de Maio.

Este ano, pela primeira vez na história, o termo “masculina” foi usado para se referir à seleção de futebol de jogadores homens, para diferenciar da feminina. A seleção feminina também ganhou um traje de viagem (assinado pela Animale), com o qual desembarcou na Austrália, na terça. Criadora da primeira escola de futebol feminino do Rio de Janeiro, Larissa Freitas, especialista em marketing esportivo, ela própria jogadora de futebol e co-fundadora da escola de futebol feminino Malaguetas, diz que pode parecer pouco, mas avançamos bastante como um país que durante 40 anos proibiu meninas e mulheres de jogar futebol. “Foi um hiato muito grande no desenvolvimento do futebol. Quando levamos isso em consideração, percebemos que caminhamos bastante”, opina.

Para ela, o mais importante é que uma mascote da seleção feminina leve em conta a identidade única desta seleção, que na sua visão se diferencia muito da seleção masculina. “Será que queremos ou precisamos surfar a onda do canário já utilizado pela seleção masculina? A identidade da seleção feminina é única. Como espectadora e amante do futebol, enxergo uma identidade muito diferente da seleção masculina. Claro que há o objetivo de conquistar o que os jogadores homens conquistaram, mas é preciso entender que a seleção feminina está percorrendo um caminho muito singular”, observa Larissa

Redação com o Globo/ Fotos – Divulgação

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