Prefeitos reforçam palanques do
Governo e da Oposição no interior
Desde a época do regime militar, quando foram criadas as arenas 1,2 e 3 nos municípios do interior para permitir que todos os grupos políticos locais apoiassem os candidatos oficiais, que a força dos postulantes ao governo do estado vem sendo medida pelo número de prefeitos ao seu redor.
Os candidatos em campanha costumam citar o número de prefeitos e até de anunciar com estardalhaço novas aquisições no bloco adversário. Este ano, por exemplo, o pré-candidato do PSB, Danilo Cabral, em entrevista recente, informou que tem 150 prefeitos. Outro pré-candidato, Miguel Coelho, cita 35 certos e mais cinco que estão para chegar. Raquel Lyra, Anderson Ferreira e Marília Arraes têm prefeitos mas não passam de 10 cada.
Na sanha de mostrar poder se chega até a exagerar. Pelos números acima já dá para perceber que a soma é muito superior aos 185 de municípios que tem o estado. Alguém está enganando ou sendo enganado. Uma coisa, porém, parece certa na eleição deste ano : se em pleitos passados os governadores conseguiram segurar no seu palanque a situação e a oposição agora parece impossível. Com quatro pré-candidatos fortes, a oposição está indo atrás dos grupos adversários dos prefeitos situacionistas com gosto de gás.
Onde o calo aperta
Coordenador da campanha de Marília Arraes a governadora, o prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia, tem acompanhado o movimento dos prefeitos e dos candidatos da oposição e garante que este ano “é quase impossível o Palácio conseguir o apoio da situação e da oposição em algum município. Vai acontecer o contrário, é possível que em alguns deles um candidato oposicionista fique com o prefeito e outro com a oposição. Quem vai encolher é o Governo”. Essa tendência segundo ele “já existia na reeleição de Paulo Câmara mas lá, ao contrário de agora, a oposição não tinha a cara da mudança, como acontece este ano”.
Candidatos para todos os gostos
Na verdade, se algum prefeito desejar sair da base do governo não vai faltar opção. Tem candidato na Região Metropolitana (Marília e Anderson) no Agreste (Raquel) e no Sertão(Miguel). Da direita, da esquerda e do centro. Além disso os quatro são jovens e se colocam como mudança. Para se contrapor a este assédio, o governador tem andado por todo o estado divulgando seu Plano de Retomada que prevê investimentos de R$ 5 bilhões este ano, o que tem segurado muita gente à espera de obras municipais. Marcelo acha que “se até junho muitas dessas obras não saírem do papel, o que significa que vão ficar para 2023, muitas surpresas vão acontecer.”
Exemplo de Arraes e Jarbas
Essa questão dos prefeitos já deu muito pano para as mangas. Quando enfrentou Jarbas em 1998 na eleição de governador, Miguel Arraes, candidato à reeleição, chegou a publicar nos jornais pernambucanos uma lista de mais de 100 prefeitos que o apoiavam. Jarbas acabou ganhando por mais de 1 milhão de votos de diferença. Durante a campanha, vendo que a eleição se encaminhava para ele, os prefeitos foram deixando Arraes pelo caminho. Da mesma forma no final do seu mandato Jarbas lançou Mendonça Filho e o Governo tinha mais de 100 prefeitos mas, na hora em que Mendonça foi para o segundo turno e Eduardo avançou, a debandada foi geral. Os prefeitos tanto ajudam como podem atrapalhar.
Farpas entre Miguel e Danilo.
Ao tomar conhecimento de que o pré-candidato Danilo Cabral prometeu, ontem, criar um Pacto pela Água monitorando pessoalmente o assunto e a chegada da água nas torneiras, o pré-candidato Miguel Coelho reagiu de forma dura “o PSB debocha da população ao falar em Pacto pela água após 16 anos de poder em que colocou Pernambuco na liderança nacional de falta d água nas torneiras”.
Dudu reclama e se recompõe
Como este blog informou ontem, o deputado federal Eduardo da Fonte(PP), condutor de uma forte bancada na Assembleia, tem conversado com candidatos da oposição sobretudo com Marília Arraes. Ontem ele deu uma declaração à Rádio Folha deixando claro que ainda não fechou o apoio ao candidato Danilo Cabral. No final da tarde, porém, como acontece sempre que ele mostra desconforto, foi chamado a Palácio para encontro com o governador e com Danilo. Eduardo quer recuperar os cargos que perdeu na secretaria de agricultura.
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