PP ameaça o PSB mas não amedronta ninguém
Ligado ao Centrão desde priscas eras, o PP de Pernambuco foi sempre comandado pela direita mas nunca deixou de pôr um pé na esquerda nas eleições estaduais e federais. Primeiro sob o comando do ex-deputado federal Pedro Correia, depois do também na época deputado federal Severino Cavalcanti e, mais recentemente, do deputado federal Eduardo Fonte, atual presidente estadual.
Mais habilidoso que Pedro e Severino na formação de bancadas, Dudu, como é chamado, conseguiu fazer o partido se manter na base governista na Assembléia por 16 anos e hoje domina um grupo de 10 deputados estaduais, a segunda legenda em número de parlamentares na Alepe, só ficando atrás do PSB. Hoje o PP seria o fiel da balança em votações de grande quórum mas não dá trabalho: todos votam com o Governo.
Apesar disso, considerando-se o patinho feio do governo, em todo período eleitoral o PP demonstra insatisfação com o PSB, acaba sendo atendido, e volta às boas com a base governista. “Isso é coisa de Dudu”- disse ontem um deputado socialista,comentando entrevista do presidente do PP esta semana dizendo que não decidiu ainda em quem o partido vai votar para governador e que antes vai “ouvir todos os postulantes”. Após essas declarações ele foi recebido pelo governador. É possível que continue no ninho como sempre fez, apoiando Danilo Cabral.
Queixas por atenção e espaço
As queixas de Dudu tem duas vertentes: a falta de atenção e de espaço na máquina pública. Ameaça romper com o prefeito João Campos porque, acusado pelos socialistas em 2020 de ter liberado os vereadores progressistas para votar em Marília Arraes para prefeita, não conseguiu uma secretaria municipal, como outros partidos. Recentemente, a irritação com o governo seria por ter perdido cargos na secretaria da agricultura que comandava de cabo a rabo até o final de março, quando o secretário Claudiano Martins foi obrigado a se desincompatibilizar para disputar a reeleição de deputado estadual.
Bancada não é mais coesa como antes
“Se deixasse nosso palanque neste momento, o PP causaria um dano sem tamanho”, comentava ontem um deputado estadual socialista, lembrando que o candidato Danilo Cabral “ainda está erguendo os alicerces de sua campanha”. O fato, porém, é que mesmo extremamente dependente do apoio palaciano, os deputados do PP já não são mais tão dóceis como antigamente. A legenda perdeu deputados importantes como o atual presidente da Assembleia, Eriberto Medeiros, e para segurar a bancada precisou formar uma frente de quatro deputados evangélicos com liberdade para votar em que desejarem para governador e presidente, já que a nível estadual o partido decidiu apoiar Lula.
Mulheres em Brasília
Ontem, duas mulheres que têm liderança política no estado participaram do encontro do Movimento Mulheres Municipalistas em Brasília, paralelo à Marcha dos Prefeitos. A prefeita de Lagoa do Carro, Judite Botafogo, a primeira negra a se eleger prefeita em Pernambuco – está no terceiro mandato – e Iza Arruda, de Vitória de Santo Antão, pré-candidata a deputada federal pelo MDB, defenderam maior apoio às mulheres não só através do fundo eleitoral como também do fundo partidário.
PSOL ausente
Na sessão plenária da Assembleia esta terça-feira aconteceu algo inusitado: estavam na pauta dois projetos do coletivo Juntas, do PSOL, que precisavam de quorum qualificado para serem aprovados, ou seja, 33 votos. Deu trabalho conseguir chegar a este número de deputados presentes por se tratar de ano eleitoral mas as Juntas não compareceram. Foram salvas pelo gongo: como tinha outro projeto, desta vez da mesa diretora, que também precisava da presença qualificada os dois acabaram sendo aprovados por maioria. Não conseguiram unanimidade como costuma ser de praxe.
Foto: Câmara dos Deputados/Divulgação
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