Por que apostar no turismo dos cânions do Rio São Francisco – Por Anabela Alencar*

Moro no Recife há 29 anos e participei como cearense apaixonada pelo frevo das animadas prévias carnavalescas neste 2025, fazendo jus ao título de “Cidadã Pernambucana “que recebi da Assembleia Legislativa de Pernambuco- Alepe, em 2018, por iniciativa do nobre deputado Silvio Costa Filho, hoje Ministro de Portos, a quem sou grata pela honraria. E neste Carnaval passado decidi percorrer algumas potencialidades do nosso sertão nordestino ainda não conhecidas por uma grande maioria, como deveria ser.
Troquei os apelos por dias de descanso em locais como New York, oferecidos por pacotes convidativos de turismo, para explorar os fantásticos cânions do Rio São Francisco com seus imponentes paredões de formação rochosas que cortam a região (Pernambuco, Sergipe e Alagoas) de águas límpidas para paradas espetaculares com banhos em piscinas naturais, passeios de catamarãs, trilhas, visitas históricas…E acertei. Posso garantir que foi essa uma grande escolha e uma experiência transformadora. Voltei fortalecida espiritualmente ao me conectar de maneira mais profunda com a natureza inspiradora de Piranhas, no sertão de Alagoas, local tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional.
O passeio pelos cânions do Velho Chico, o quinto maior dos cânions navegáveis do mundo impressiona. Para quem ainda não conhece suas rotas pelo São Francisco recomendo. São variadas opções que dão prazer e tranquilidade, como se hospedar em Piranhas, distante do Recife cerca de 500 KM. Uma vez lá, não deixar de manter o fôlego e subir no Mirante Secular que oferece 337 degraus. No topo, nos deparamos ainda com um monumento aos séculos XIX e XX. Casarios coloniais seculares povoam o seu Centro Histórico e são uma atração à parte. A Torre do Relógio, ponto turístico construído em 1878, parece nos alertar para não termos pressa e aproveitar. De lá de cima tudo é pequeno. A vista é deslumbrante
Essa Rota dos Cânions pode ser feita por lanchas alugadas, por barco catamarã ou pela “voadeira”, meio de locomoção típica da região, movido a motor e com viagens de grupos de até oito pessoas por vez. Guias especializados e agências experts na região orientam devidamente os visitantes. Conhecer esse fluxo dos barquinhos “voadeira” na Ilha do Ferro torna-se um passeio encantador de quase duas horas até a cidade de Entremontes, também em Alagoas. De lá, saem os barcos para a Ilha do Ferro que é conhecida por valorizar seus artistas que produzem artesanato em madeira. Incrível constatar que quase todas as residências do lugar exibem, nas suas salas, obras ali geradas por talentosos locais. Uma clara demonstração de orgulho deles próprios, de pertencimento.Os cânions são realmente um espetáculo à parte. Seja qual rota que você escolher. O Pôr do Sol Cânions Dourado integra um dos pacotes de opções: esse passeio abrange uma área particular próxima de Entremontes. O visual é belíssimo e para quem quer um lounge exclusivo, existe espaço para contratar realizadores de eventos e montar um piquenique para acompanhar o pôr do sol.
Impagável visitar à Grota do Angicos (Sergipe) que os historiadores nos ensinam ter sido ali onde as lendárias figuras de Lampião e Maria Bonita, líderes do Cangaço, em 1938 sofreram a histórica grande emboscada e juntamente com alguns cangaceiros do bando foram mortos. Essa trilha do cangaço, com cerca de três quilômetros – ida e volta- é monitorada por guias especializados na região.
Todos esses passeios incluem a chance de se conectar com as tradições locais e aprender sobre um Brasil pouco explorado. Em um país tão vasto e rico em cultura e natureza, ainda há muito a ser descoberto.
*Anabela Alencar é formada em Administração de Empresa e empresária da área da Odontologia, com mais de 30 anos de atuação no mercado.
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