Pesquisa: Quase metade da população LGBTQIA+ já sofreu preconceito nos deslocamentos pelas cidades
– Instituto Locomotiva mostra que 41% foram menosprezados e 30% alvo de expressões LGBTfóbicas no transporte público –
Quase metade da população LGBTQIA+ no Brasil já foi vítima de LGBTfobia tanto no transporte público quanto no trânsito e na rua durante deslocamentos pelas cidades, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a Uber. Os casos de discriminação também aconteceram em aplicativos de transporte e táxis:
49% sofreram pelo menos um tipo de situação de LGBTfobia na rua ou no trânsito;
49% sofreram pelo menos um tipo de situação de LGBTfobia nos transportes públicos;
39% sofreram pelo menos um tipo de situação de LGBTfobia em aplicativos de transporte ou táxis.
“Essa pesquisa traz luz para uma situação de preconceito e discriminação que, muitas vezes, a gente sabe que existe, mas não fala. Ela dá a dimensão do quanto é grande e do quanto ela está presente na vida cotidiana das pessoas LGBTQIA+”, explicou Rachel Rua, gerente de pesquisa qualitativa do instituto.
Em relação às agressões no transporte público:
41% foram menosprezados de maneira indireta (olhares, comentários etc);
30% foram alvo de expressões LGBTfóbicas;
27% foram abordados de forma desrespeitosa por ser LGBTQIA+;
26% sofreram agressões verbais;
11% foram impedidos de entrar no transporte;
14% foram ameaçados;
10% sofreram agressões físicas;
8% foram impedidos de continuar uma viagem.
Homens negros disseram ter sofrido 13% mais agressões verbais no transporte público do que a média e foram 15% mais impedidos de entrar no transporte.
Já no trânsito em geral e na rua:
41% foram menosprezados de maneira indireta (olhares, comentários etc);
32% foram alvo de expressões LGBTfóbicas;
26% foram abordados de forma desrespeitosa por ser LGBTQIA+;
22% sofreram agressões verbais;
15% foram ameaçados;
10% sofreram agressões físicas.
Homens negros disseram ter sofrido 11% mais agressões verbais no trânsito e na rua do que a média, e pessoas trans foram 5% mais agredidas fisicamente. “Isso mostra como o preconceito é uma questão bastante complexa, como as questões se encontram. As pessoas que LGBT negra é duplamente discriminada”, destacou Rachel.
No caso dos táxis e transportes por aplicativo:
27% foram menosprezados de maneira indireta (olhares, comentários etc);
25% foram alvo de expressões LGBTfóbicas;
17% foram abordados de forma desrespeitosa por ser LGBTQIA+;
16% sofreram agressões verbais;
13% tiveram dificuldade para solicitar viagem;
12% foram impedidos de entrar no transporte;
11% foram ameaçados;
9% sofreram agressões físicas;
7% foram impedidos de continuar uma viagem.
Nesses meios de transporte, a pesquisa mostrou que pessoas trans têm 7% mais dificuldades do que a média para ter uma viagem aceita.
O objetivo do levantamento foi compreender como pessoas LGBTQIA+ se deslocam pela cidade, os usos de meios de transportes e situações de preconceito e discriminação sofridas nos deslocamentos a fim de construir estratégias de prevenção aos casos de preconceito e discriminação nas viagens da Uber.
Foram feitas duas pesquisas: a primeira, quantitativa, ouviu mil pessoas LGBTQIA+ acima de 18 anos de todo o país. Já a segunda, qualitativa, conversou com dez pessoas de 20 a 45 anos e coletou relatos em profundidade.
O medo de sair de casa em números
A pesquisa também mostrou que 88% dos entrevistados temem se deslocar pelas cidades e vivenciar LGBTfobia, assédio e agressão.
“O Uber ficou me olhando através do espelho do carro, sabe? Através do retrovisor, ele estava me olhando e fazendo menções com o rosto e jeitos, né? Isso me deixou assim um pouco constrangida”, contou uma mulher bissexual.
“Eu acho que é mais verbal, soltar uma gracinha, ficar procurando os meus peitos… Eu saí com minha esposa e estavam olhando de cima a baixo para começar a zombar. Acho que, de tudo, é o que mais machuca. Ficar procurando uma parte íntima minha para saber o que eu sou. Quando vê que tem peito, aí começa a humilhação”, relatou um homem trans participante da pesquisa.
“A pesquisa tem esse grande poder de trazer informação. Trazendo informação e mostrando onde as pessoas mais sofrem, a gente tem algumas pistas e alguns caminhos para que que as instituições responsáveis pensem em estratégias que diminuam a insegurança dessa população”, afirmou a gerente de pesquisa qualitativa do Locomotiva.
Veja outros números da pesquisa:
77% dos entrevistados têm medo de sofrer assédio ou importunação sexual nos seus deslocamentos (entre mulheres negras, o percentual sobe para 87%);
60% temem sofrer LGBTfobia;
70% temem sofrer agressões físicas ou assédio;
56% temem sofrer LGBTfobia (entre homens, sobe para 65%, e para pessoas pretas chega e 63%
40% afirmam que já mudaram sua forma de se locomover por medo de serem vítimas de LGBTfobia.
Redação blogdellas com veículos e assessorias- Fotos: Divulgação (O Globo-G1-TV GLobo)
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2 Comentários
Anônimo
Afetação deveria ser desaconselhada, tanto quanto as críticas à homofobia, como tb o proselitismo.
Andre Carvalho
Pior os homens que sofre mais preconceito que os demais, tu no é homens, isso é coisa de homem, onde tem homem mulher não faz isso, que homem frouxo, deixa de frescura, cadê a força tu no é homem, mais institutos e incentivo nada, depois reclamam os outros