Perícia no teto da Igreja do Morro, que desabou, aponta oxidação e falta de manutenção como causas principais do acidente
O Instituto de Criminalística Armando Samico, da Secretaria de Defesa Social, concluiu no último dia 25, a perícia feita na cobertura da Igreja do Morro da Conceição, que desabou em agosto, deixando 25 pessoas feridas e 2 mortos, e concluiu que as causas principais do acidente foram a oxidação da peça de apoio metálico da 5.a treliça (chumbadores e parafusos) e a falta de manutenção preventiva. Também a manta asfáltica colocada sobre a coberta para evitar penetração da água da chuva nas peças metálicas e o peso das placas solares contribuíram para o desabamento, segundo o perito do Instituto, Dr Fernando Luiz da Silva.
O laudo completo a que este blog teve acesso com exclusividade, deixa claro que a oxidação na 5.a treliça de sustentação do teto fez com que ela perdesse sustentação e, em seguida, cedesse, contribuindo para a desestabilização da coberta, que veio ao chão. “ Uma vez sem estabilidade, todo o peso adicional, a estrutura da coberta (telhas, forro, manta as fáltica e placas solares) por efeito, também contribuíram de forma secundária para o desabamento”- conclui o perito.
-Reprodução de trecho do laudo que trata sobre a oxidação na 5ª treliça –
Placas solares e manta asfáltica tiveram culpa secundária
Muito extenso, o laudo mostra, com fotos e gráficos, que todas as variáveis foram analisadas pela pericia que começou a atuar no local no dia 30 de agosto, a pedido da Delegacia do Vasco da Gama, a qual ficou responsável pelo inquérito sobre o acidente.
– “ Durante a inspeção na coberta do santuário, com exceção da 5.a treliça, as demais se encontravam com seus consoles (apoios) metálicos íntegros e fixados na sua posição original. A peça de apoio da 5.a treliça, mais precisamente seus chumbadores (parafusos) exibiam maior concentração de oxidação, contudo não havia neles solução de continuidade e sim leves deformações acidentais, o que significa dizer que todos perderam capacidade de aderência ao local onde se encontravam fixados”. – diz o laudo.
E explica: “ continuando com a dinâmica do evento, ou seja, com o desprendimento da 5.a treliça, as demais, por fazerem parte da mesma estrutura, a ela estarem conectadas, também desabaram. Salvo melhor juízo e respeito ao contraditório, o fato gerador da ocorrência tem início a partir das peças metálicas que faziam parte da peça console da 5.a treliça, fixada na parede, lado direito, tendo esta perdido estabilidade e, primeiramente, sair do seu ponto de equilíbrio, para, em um segundo momento, devido ao peso da estrutura metálica, que compõe a coberta, que há tempo existia, assim como da manta asfáltica, somado ao peso das placas solares, desabar sobre o piso do santuário.”
Em seguida esclarece que “mesmo com a aplicação da manta asfáltica esta não evitou que houvesse infiltração da água naquela estrutura, ficando caracterizado uma falta de manutenção preventiva” Treliça, um termo usado pelo laudo diversas vezes, é um material comumente utilizado na construção civil. Ela possui seus extremos interligados formando uma estrutura em formato de triângulo. Em geral, é utilizada para oferecer mais apoio, resistência e segurança às estruturas das obras.
Festa tem nova estrutura coberta e atrai milhares de fiéis.
Até ontem, 400 mil pessoas já tinham passado pelo Morro da Conceição no 120º ano da celebração de Nossa Senhora. A precariedade em que se encontrava o teto da Igreja que desabou, como mostra o resultado da perícia, demonstra que uma grande catástrofe poderia ter acontecido se o desabamento tivesse acontecido por esses dias, vitimando centenas de pessoas.
Passado o susto e, apesar de se lamentarem as mortes e as pessoas feridas, o novo teto, concluído a tempo pelo Governo do Estado, está servindo de amparo às milhares de pessoas devotas de Nossa Senhora da Conceição.
CONFIRA AQUI O LAUDO NA INTEGRA
Redação Blogdellas Fotos: 1-arquivo/reprodução TV Globo -2 reprodução laudo IC/SDS
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