
Pedras no caminho de Lula inviabilizam vitória no primeiro turno

Acreditando na possibilidade de definir a eleição no primeiro turno, Lula e o PT usaram a pressão psicológica nos bastidores e as redes sociais para convencer Ciro Gomes (PDT) a desistir do pleito – o tiro acabou saindo pela culatra – e agora vêm tentando descredenciar Simone Tebet (MDB) com o objetivo de evitar seu crescimento nas intenções de voto. O resultado da última pesquisa do Datafolha, divulgado esta quinta-feira, demonstra, porém, que há muito mais pedras no meio do caminho do ex-presidente do que se possa imaginar e, pelo andar da carruagem, ele pode até ganhar a eleição, mas vai precisar enfrentar o segundo turno.
Lula e o PT tinham razão no combate às candidaturas de terceira via. Em intenção de votos, segundo a mesma pesquisa, elas cresceram de 9% para 16%, tendo Simone Tebet pulado de 2 para 5 pontos, após o debate da Band, e ter hoje 7% em São Paulo, o maior estado do país. Fora isso o candidato do PT tem neste momento o maior índice de rejeição que experimentou em todas as suas campanhas, chegando aos 39% da população que afirma não votar nele “de jeito nenhum” e, no mesmo São Paulo, está em empate técnico com Bolsonaro. Para completar, embora dentro da margem de erro, perdeu 2 pontos percentuais no país, saindo de 47 para 45% das intenções de voto.
O crescimento da terceira via pode significar que o discurso contra a polarização política, incorporado por Ciro e Simone no debate, está entrando no gosto da população, cansada com a radicalização que divide o país. Se isso está mesmo acontecendo e der tempo de ganhar corpo até o dia 2 de outubro, não só Lula pode enfrentar dissabores, mas também o segundo colocado, o presidente Jair Bolsonaro, que se prepara para dar demonstração de força nas comemorações de 7 de setembro.
Rejeição de Lula
O ex-presidente Lula demorou a chegar à presidência por conta dos altos índices de rejeição que precisou enfrentar em sua carreira política. Na primeira, em 1989, tinha 26% de rejeição faltando 30 dias para o pleito. Na época, contra Collor (que venceu no primeiro turno) e Brizola, teve 17% dos votos. Em 1994 e 1998, quando enfrentou Fernando Henrique em duas eleições seguidas, tinha 38% e 33% de rejeição e também perdeu. Em 2002, o ano em que se elegeu pela primeira vez, chegou a 30% de rejeição, mas só conseguiu vencer no segundo turno, derrotando José Serra (PSDB). Em 2006, em sua reeleição, tinha 26% de rejeição, mas também foi ao segundo turno quando derrotou Geraldo Alckmin (PSDB). Agora, portanto, com 39% bateu seu recorde, mesmo dentro da margem de erro.
A média das pesquisas
A média das pesquisas para governador entre julho e agosto mostra o mesmo cenário de Marília bem na frente e uma grande indefinição sobre o segundo colocado, segundo o economista e estatístico Maurício Romão que fez o levantamento. Marília subiu de 30,8 para 31,7% de julho para agosto; Raquel saiu de 13,1 para 12,1 (perdeu um ponto); Anderson de 9,1 cresceu para 12,1%; Miguel foi de 9,7 para 10,0% e Danilo de 5,4% para 8,2%. Só Anderson e Danilo cresceram acima da margem de erro. Para o senado não pode ser feita a comparação porque em julho as candidaturas ainda não estavam definidas. Em agosto Teresa Leitão (PT) teve em média 13,4% das intenções de voto, André de Paula (PSD) 10,9%, Gilson Machado (PL) 10,1, Guilherme Coelho (PSDB) 7,3% e Carlos de Andrade Lima (União Brasil) 2%.
Lula e Bolsonaro em Pernambuco
A média das pesquisas de agosto para presidente em Pernambuco apontam um crescimento de 3,1 pontos percentuais para o presidente Lula que teve em média 54,6% em julho e em agosto chegou aos 57,7%. Já o presidente Bolsonaro tinha 23,4% em julho e cresceu dentro da margem de erro em agosto para 24,3%. Os outros candidatos a presidente que somaram 6,8% em julho, em agosto tiveram 6,2% das intenções de voto no estado.
Petardos em Marília
Embora até agora não tenha atacado Marília nas redes sociais e nem na propaganda eletrônica, a Frente Popular já está agindo, intramuros, através do seu candidato a governador Danilo Cabral. Em encontro com sindicalistas recentemente Danilo disse que Marília traiu Lula e o PT na eleição da mesa diretora da Câmara Federal. Segundo ele, havia um acordo para o PT indicar um membro para a mesa e Marília fez acordo por fora conseguindo o lugar e recebendo críticas generalizadas dos colegas de partido. Ontem no final do guia de Danilo apareceu uma cadeira vazia. Sinal de que as críticas vão começar pela ausência nos debates, mas o clima vai esquentar.
Pergunta que não quer calar: Como o PT vai reagir à queda de Lula nas pesquisas?
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