Parque da Jaqueira: o que é melhor, a pista de bicicross ou o restaurante?
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
É verdade que muitos parques urbanos possuem restaurantes. No nosso país, um bom exemplo é o Ibirapuera, em São Paulo, no interior do qual ficam o Sabiá no Parque, o Pé no Parque e o Selvagem. No exterior, temos os Tavern on the Green, Dance Crane Café e Loab Boathouse no Central Parque, em Nova York. Porém essa prática não é tão comum no Recife, embora se noticie que serão implantados restaurantes no Parque da Jaqueira, agora gerenciado por um grupo privado, o Viva Parques do Brasil, que ganhou concessão para gerenciar três outros localizados na cidade (Apipucos, Santana e Dona Lindu).
Nada contra restaurantes em parques. O problema é que parece que esse Viva Parques do Brasil “chegou, chegando”, como diz a gíria. Anuncia mudanças, mas não temos conhecimento de nenhuma reunião com a comunidade, para que sejam discutidas as intervenções. É verdade que trata-se de uma empresa privada, mas é bom lembrar que o parque, mesmo por ela gerenciado, permanece como uma área pública, inclusive com acesso gratuito. Então, seria de bom tom fazer reuniões com os frequentadores. Afinal, o Parque da Jaqueira não é tão imenso, e alguns parques do Recife já padecem de excesso de concreto. O grupo mal assumiu a gestão do Jaqueira, e nessa semana já havia árvore sendo guilhotinada, conforme noticiamos aqui no #OxeRecife.
Gilmar Batista lamenta que a melhor pista de bicicross do Recife vá ser destruída pela nova gestão do Parque
No caso do restaurante a ser implantado, ele ficaria na área hoje ocupada por uma pista de bicicross (ou BMX) que, segundo os entendidos, é – disparado – “a melhor do Recife”. A pista seria deslocada para o outro lado, e não se sabe até que ponto exigiria derrubada de árvores para sua implantação. A pista é local de treino dos adeptos do esporte, que terminaram se profissionalizando. “Ela não é oficial, mas tem 300 metros com vários obstáculos e daqui já saíram muitos campeões”, afirma Gilvan Batista, frequentador do Parque da Jaqueira há 40 anos, que guarda em casa 380 troféus ganhos no esporte, no “tempo que era piloto”.
Hoje, ele se orgulha de disseminar o esporte em um trabalho social que realiza naquela pista, e da qual já saíram até profissionais. “Perdi as contas dos meninos que hoje são destaques em outros estados. E o caso mais recente é o de Pedro Queiroz, que reside agora em São Paulo, que já participou de dez competições olímpicas e que representa a gente lá fora”, diz ele. No momento, dez outros da equipe encontram-se em competições fora de Pernambuco. “Perdi a guerra”, desabafa, ao saber que a pista à qual se dedicou por quatro décadas vai sumir.
Triste por ter que interromper a “ação social” e o “esporte educativo” – Gilmar lembra que começou treinando a meninada “por amor” ao esporte. Mas que depois terminou sendo aproveitado pela Secretaria de Esportes “para tomar conta” da pista. Ele diz que na Zona Norte não há nenhuma nas mesmas condições, mas que o grupo prometeu construir uma outra no Parque de Santana, que também é alvo de concessão à iniciativa privada. O Parque de Santana, aliás, foi alvo de uma grande polêmica, em 2018, quando sua pista de skate foi destruída para construção de um nova, cuja entrega ocorreu muito depois do prazo previsto. O caso foi parar até no Ministério Público de Pernambuco.
Há uma outras duas pista de BMX na Zona Norte: uma no Parque de Santana e outra no Parque da Macaxeira. Esta última encontra-se totalmente sucateada, interditada há mais de um ano e precisando requalificação. A informação que circula é que essa pista seria reativada para compensar a que será eliminada no Jaqueira. Como o Parque da Macaxeira não está na lista de concessões à Viva Parques, resta saber a quem caberá a despesa por esse serviço. De qualquer forma, a pista nem de longe se compara com a do Parque da Jaqueira.
A informação que circula no Parque é que a pista será construída do lado onde uma árvore foi derrubada
Redação com texto compartilhado em 14/03/2025 de Leticia Lins do Blog #OxeRecife Fotos: Leticia Lins
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