Os riscos da harmonização facial. Quando copiar a amiga pode não dar certo
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Na era das selfies, as clínicas de harmonização facial andam em alta. E o que vemos, em especial nas redes sociais, são cada vez mais exemplos de “desarmonização” estética. Garotas com lábios desproporcionais, maçãs do rosto inchadas, sobrancelhas que parecem tatuagem mal-feita, dentes fosforescentes de tão brancos e um escovão no lugar dos cílios. “Muita gente acha que, já que pagou pelo procedimento — como as facetas, lentes de cerâmica ou mesmo o clareamento dental — ele tem que ficar visível para todos”, diz o dentista Américo Mendes Carneiro Júnior, especialista em odontologia estética.
Ficar tanto tempo online está mudando a forma como nos enxergamos: o padrão de beleza com filtro do Instagram acabou interferindo no aspiracional da vida real e tem muita gente querendo mudar tudo. E a harmonização facial é a bola da vez.
O procedimento estético mais buscado no Google nos últimos tempos representa um conjunto de técnicas: preenchedores (como o ácido hialurônico, usado para dar volume aos lábios, maçãs e para remodelar regiões do rosto, como nariz e maxilar), toxina botulínica (que ameniza rugas de expressão ao bloquear o movimento do músculo), os bioestimuladores (substâncias injetáveis que estimulam a produção de colágeno pelo próprio organismo), fios de sustentação, peelings, lasers e bichectomia (aretirada de gordura das bochechas para afinar o rosto).
Nada contra procedimentos estéticos ou tecnologia a serviço da beleza: sou adepta e vejo nessas técnicas aliadas importantes para meu bem-estar e autoestima. A questão é o exagero nos procedimentos e a busca por transformar radicalmente a aparência: querer o nariz de tal celebridade, os lábios de tal atriz… Com isso, muita gente jovem está ficando desfigurada. “Como o nome diz, o objetivo principal da harmonização facial é promover o alinhamento e correção dos ângulos da face, melhorando a harmonia do rosto a partir da análise das proporções”, afirma a dermatologista Cláudia Henares, de São Paulo. “A ideia é deixar o rosto mais simétrico e rejuvenescido, corrigindo pequenas imperfeições, sem perder a naturalidade, pois estética é sutileza.” Segundo a dermatologista, a medida ideal para o tamanho dos lábios, por exemplo, é baseada na proporção em relação às pupilas. “Os cantos da boca alinhados ao canto de cada íris tornam a face mais simétrica, mais harmônica. Mas esse conjunto de técnicas deve ser realizado de acordo com as necessidades da pessoa, de forma individualizada.”
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Dependendo do procedimento, alguns resultados podem ser vistos de imediato, logo depois da intervenção estética, como no caso do preenchimento e dos lasers. Em outros, como na toxina botulínica e nos estimuladores de colágeno, o resultado final demora de 15 dias a seis meses. Antes de encarar a harmonização facial é importante se certificar que o profissional é habilitado. No Brasil, os procedimentos podem ser realizados por médicos (dermatologistas e cirurgiões plásticos), dentistas e biomédicos, farmacêuticos e enfermeiros com especialização em estética. Como a distorção de imagem está generalizada, além de conferir a formação e a experiência do profissional eu costumo observar se ela (ou ele) não pesou a mão no próprio rosto. Busco um beleza natural: tenho 56 anos e não quero aparentar 30. Se o médico parece plastificado, não entrego meu rosto a ele. Se ele considera a própria aparência “normal”, quem garante que não vai exagerar nos procedimentos em mim?
Apesar de a harmonização facial ser considerada um conjunto de procedimentos seguros, quando não realizada por um profissional capacitado ou quando a técnica não é aplicada corretamente há riscos como obstrução do fluxo sanguíneo no local, necrose da pele, infecções e até deformação do rosto. Além disso, quando feita de forma exagerada, pode levar a uma mudança tão radical que pessoa não se reconhece no espelho.
O tempo de duração da harmonização varia de acordo com o procedimento: os efeitos da toxina botulínica duram cerca de quatro meses, enquanto os do ácido hialurônico chegam a durar até dois anos. Os fios de sustentação podem deixar a expressão exagerada / bizarra por dois meses, até chegar ao resultado final. A possibilidade de reverter a harmonização facial também depende do de procedimento. O preenchimento com ácido hialurônico pode ser revertido com aplicação hialuronidase, uma enzima que dissolve o ácido hialurônico. Já a toxina botulínica não tem antídoto: é preciso aguardar o organismo absorver a substância para passar o efeito. E a bichectomia é irreversível.
Artigo recente publicado na Revista Brasileira de Cirurgia Plástica — uma revisão sistemática sobre complicações em procedimentos de harmonização orofacial — concluiu que “mesmo a execução de procedimentos estéticos faciais menos invasivos pode ocasionar possíveis complicações imediatas ou tardias em áreas como testa, nariz, lábios e principalmente nos olhos e região periocular, que foram as mais acometidas com olhos secos, diplopia, perda visual e ptose”. Segundo os autores, é importante alertar os pacientes para esses riscos e os profissionais devem ficar atentos para a detecção imediata de eventuais complicações.
Resumindo: não aja por impulso, pesquise bem antes e não copie o procedimento da amiga.
Redação com vriculos e assessorias. Imagens: Divulgação
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