O som que ecoa – Por Homero Primeiro*

 

Eu vou começar esse comentário pelo final. Quando “O Som da Liberdade “ , filme em cartaz nos cinemas termina, com créditos passando na tela, há um aviso para a plateia aguardar dois minutos para uma mensagem especial. É do ator Jim Caviezel, que interpreta o ex-agente da polícia norte-americana Tim Ballard, personagem principal.

De cara limpa, Caviezel – que ficou famoso por interpretar Jesus Cristo no filme de Mel Gibson – fala das dificuldades financeiras para produzir essa história. Os grandes estúdios americanos não quiseram investir no tema: o tráfico de crianças para a pedofilia. Um mercado que só cresce e que gera bilhões de dólares em todo mundo.

De acordo com o filme, os americanos são os maiores consumidores deste mercado.

Por ter sido produzido sem muitos recursos, Jim Caviezel pede uma ampla divulgação do filme para que ele chegue a mais pessoas. Para isso, pede que que ingressos sejam comprados e distribuídos a quem não pode pagar por eles.

Ver “O Som da Liberdade” foi bastante doloroso. As cenas de crianças desaparecendo das vistas de seus pais, sequestradas, seduzidas por traficantes mexem demais com a gente que está ali sentado numa poltrona em uma sala de cinema de um shopping, ar-condicionado, pipoca e coca-cola, diria que traz um desconforto enorme. E uma dor que não dá para mensurar.

O choro real do ator Jim Caviezel, como do seu personagem em vários momentos do filme pela dor dessas crianças, todas pobres das Américas Central (Honduras, onde o filme começa), do Norte (México) e do Sul (Colômbia, onde acontece quase todo o filme), é também o nosso. É impossível deixar o cinema sem lacrimejar.

O Brasil não é citado, mas sabemos que essa é uma triste estatística da qual também fazemos parte. Vamos proteger os nossos “niños”, pois como diz a música cantada no filme “as crianças de Deus não estão à venda”.

Não quero aqui nesse comentário entrar no mérito político que esse filme gerou na direita dos Estados Unidos, apoiadores de Donald Trump, e na direita brasileira, dos defensores do bolsonarismo. Vi o filme pela ótica da indignação que ele causa a qualquer ser humano. Menos aos pedófilos.

*Homero Primeiro é jornalista.

E-mail: redacao@blogdellas.com.br- Foto: Divulgação

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