O Metrô do Recife pede socorro! Por Júlio Lóssio*
O Metrô, que costumava ser motivo de orgulho, agora pede socorro. Nos finais dos anos 80 e início dos anos 90, quando fui morar no Recife para realizar o sonho de ser Médico, estudava no Colégio Nóbrega e residia no centro da cidade.
Durante as férias ou feriados prolongados, voltava para casa e tinha como rotina caminhar até o terminal do Metrô. De lá, seguia até o TIP para pegar um ônibus em direção à cidade de Barbalha e, de lá, em alguma lotação para a cidade de Jardim, no interior do Ceará.
Diferentemente do sistema tradicional de transporte público, a estação do Metrô do Recife era limpa, organizada e, muitas vezes, apresentava até performances musicais ou exposições fotográficas e artísticas. O trem do Metrô também era mantido impecável, limpo, conservado e respeitava horários pré-estabelecidos. Essa rotina persistiu durante todo o curso secundário e durante a Faculdade de Medicina.
Em 1995, concluí o curso médico e, em 1998, passei a viver em Petrolina. Desde então, nunca mais andei no Metrô; contudo, aquela imagem inicial permanecia na minha mente. Durante a realização do Mestrado na cidade de São Paulo, por várias vezes, andei no Metrô da capital paulista, que mantinha igualmente características de limpeza, pontualidade e organização nas estações.
Na semana passada, estava com meu filho mais novo, João, estudante de Medicina na cidade de São Paulo, no Aeroporto de Recife. Eu pegaria um voo para Petrolina, enquanto ele seguiria para a mesma cidade de ônibus, precisando sair do Aeroporto em direção ao TIP. Ele me disse: “Pai, vou pegar o trem até a estação central de Recife e, de lá, seguirei para o TIP.”
Comentei com ele sobre a visão que eu guardava do Metrô de Recife. Após algum tempo, mandei uma mensagem perguntando se ele havia chegado bem e o que achou do Metrô. Veja a resposta dele: “Cheguei bem”; contudo, sobre o metrô: “ velho, 90% das escadas e elevadores estão quebrados, esteiras das passarelas e piso quebrados também. Temos que carregar mala e mochila no braço. O trem que peguei estava com o ar condicionado quebrado e muito cheio; não consegui sentar em nenhum trecho.”
Fiquei extremamente desapontado com o tratamento que demos nos últimos anos ao nosso Metrô. Minhas belas lembranças logo se desfizeram diante das tristes recordações que meu filho guardava.
*Júlio Lóssio é médico e ex-prefiro de Petrolina. É colaborador do Blogdellas.
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