O Julgamento do Século
No Brasil, nosso regramento jurídico define que crimes contra a vida são submetidos ao júri popular, onde 25 representantes da sociedade que, naquele momento, representam a sociedade como um todo, definem a culpa ou inocência do julgado.
Em 2022, a eleição presidencial se transformou em um grande julgamento popular. Os programas de governo, as ideias e propostas sobre educação, saúde, infraestrutura e tantos outros temas caros ao desenvolvimento foram relegadas a segundo plano. O debate foi pautado no ataque e na defesa do presidente Lula. De um lado, “Promotores”, políticos e populares defendiam a culpabilidade criminal de Lula. Os promotores bolsonaristas esqueceram de defender possíveis avanços sociais e econômicos do Governo e centraram a maior parte da estratégia no ataque a Lula tendo a frase: “Lula ladrão, seu lugar é na prisão!” como principal tese de culpabilidade do presidente Lula.
Já os “advogados” de defesa do presidente Lula focaram no resgate dos bons tempos econômicos e sociais do governo Lula, bem como na tese de uma possível injustiça cometida contra o presidente Lula pelo então Juiz Sérgio Moro. Tal defesa foi traduzida na frase: Lula Livre! Pois bem, no dia 2 de outubro de 2022 foi feito o grande julgamento. No final do júri nenhuma das teses conseguiu a maioria dos jurados necessário e um novo júri foi agendado para o dia 30 de outubro de 2022. Acusação e defesa teriam uma nova oportunidade de defender suas teses e assim foi feito.
A acusação então convoca uma testemunha que acreditavam ser a bala de prata contra o presidente Lula. No primeiro debate entre acusador (Bolsonaro) e defesa (Lula), o acusador leva a tiracolo sua testemunha chave de acusação: O ex-juiz Sérgio Moro. Um detalhe, porém, não chamou a atenção da acusação, a grande maioria dos jurados já tinha opinião formada para um lado e para o outro e os que ainda estavam indecisos viram na presença de Moro ao lado de Bolsonaro a confirmação da tese lulista de que o juiz Sérgio Moro não foi imparcial no julgamento de Lula em Curitiba.
Em 30 de outubro, novamente, o júri foi convocado para a decisão final. Em uma decisão apertada e que em um jure convencional corresponderia a 13 votos a favor e 12 contra, foi dado o veredito final sem direito a recursos. Veredito: Lula Livre ! Lula Presidente!
E como decisão judicial não se discute após esgotados os recursos: Cumpra-se!
*Júlio Lóssio é médico, ex-prefeito de Petrolina e colaborador do Blogdellas.
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