Na berlinda, Bivar enfrenta

o desgaste dos holofotes políticos

 

Partidário do discurso de uma nota só, a defesa do imposto único, o deputado federal pernambucano Luciano Bivar levou à frente sua carreira política – com mais derrotas do que vitórias – a defender este seu projeto até hoje não absorvido pela população. Empresário bem sucedido no ramo de seguros – em 2018 declarou ao TSE um patrimônio de quase R$18 milhões – ele poderia estar vivendo muito bem do que o dinheiro pode lhe proporcionar mas continua na política e este ano, proclamado pré-candidato a presidente pelo União Brasil, partido criado pela fusão do DEM com o PSL, é, no momento, figura tarimbada nas discursões sobre a terceira via.

Se chegar a ser candidato a presidente ou mesmo a vice – lugar que certamente vai aceitar como já deixou entendido Luciano certamente vai exigir que seu palanque se comprometa com o imposto único mas antes disso terá muitas barreiras a vencer. Em primeiro lugar, convidou  o ex-juiz Sérgio Moro para se filiar ao UB sonhando em fazê-lo o nome da terceira via mas esqueceu de “combinar com os russos”, como se diz na linguagem futebolística, no caso os caciques do ex-DEM, ACM Neto e Ronaldo Caiado, que reagiram fortemente a Moro, ambos com receio de contrariar Lula (por conta da Bahia) e Bolsonaro (por causa de Goiás).

Em segundo lugar, derrotado dentro do União Brasil, teve que assumir ele próprio uma pré– candidatura que há mais de 15 dias vem sendo bombardeada nas redes sociais pelos partidários de Moro que o acusam de ter traído o ex-juiz. Ontem Bivar, que não costuma dar entrevistas, finalmente soltou uma nota dizendo que nunca prometeu candidatura a Moro – coisa que os caciques do DEM sabem que foi feito  e por isso reagiram – mas não vai poder impedir que os moristas ganhem as ruas, como programam, dia 15 de maio, para cobrar a promessa.

As rusgas com o Bolsonarismo

 Avesso a dar explicações, Bivar vem acumulando problemas nessa área. Elegeu-se deputado com 117 mil votos em 2018 (votação que jamais tinha conseguido em suas eleições) na esteira do bolsonarismo, ao qual disponibilizou o seu partido, o PSL, quando o atual presidente não tinha onde se abrigar. Acabou rompendo com Bolsonaro,levando o PSL (ex-nanico) com 54 deputados federais mas acusado, pelos bolsonaristas, de traição. Mesmo assim deu a volta por cima se aliando ao DEM e assumindo a presidência nacional da nova legenda que tem um fundo eleitoral de R$ 1 bilhão e é o segundo maior entre os partidos brasileiros, após a janela partidária.

Melhor dos mundos

Presidente quase vitalício do PSL desde 1992, Bivar pode ter deixado a fama subir à cabeça ao comandar uma grande legenda e  imaginando que ACM e Caiado, de olho no fundo partidário, iam deixa-lo fazer política. Não deu outra: deu com os burros n’água. De quebra, viu Bolsonaro tirar 40 dos 54 deputados federais do PSL no final da janela partidária. Hoje estão reduzidos a 14. Se não fossemos que ganhou  do DEM (14) e de outros partidos (18) o União Brasil tinha virado partido pequeno.

Foi Longe

Bivar ainda tem folego? É possível que sim. Afinal para quem em 2014 tivera apenas 24.840 votos para deputado federal e  em 2006, como candidato a presidente pelo seu PSL, conseguiu somente  62.064 votos,  Bivar é hoje uma das figuras principais de definição sobre a terceira via. Tivesse emplacado Moro estaria no melhor dos mundos. Agora ou será candidato a presidente somente da UB ou será o vice de quem vier  a liderar a chapa. Para ele já estará de bom tamanho.

Novela do senado contraria federação

Não é só o deputado federal André de Paula que está reclamando pela demora na definição do candidato ao senado pela Frente Popular, gerando desgaste aos pretendentes. Ontem a Federação que abriga PT, PCdoB e PV lamentou em reunião a demora que está impedindo que os nomes postos à mesa – no caso o deputado federal Carlos Veras e a deputada estadual Tereza Leitão, ambos do PT – fiquem impedidos de programar suas campanhas. Veras foi o nome escolhido pelo PT para o senado e Tereza tem sido lembrada para ocupar a vice de Danilo Cabral.

Foto: Luciano Bivar/Agência Brasil

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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