Mulheres ganham todas nas eleições pernambucanas. Do Senado ao Governo Estadual

Um estado tradicionalmente machista na política, Pernambuco despertou de vez. Além da vitória de Teresa Leitão(PT) para o senado, tornando-se a primeira senadora pernambucana, Marília Arraes(Solidariedade) e Raquel Lyra(PSDB) vão disputar o segundo turno da eleição para governador, o que significa que o próximo governador estadual será mulher.

O que teria provocado tamanha reviravolta? O blogdellas ouviu duas mulheres de alto conceito na sociedade sobre um resultado tão surpreendente como o da eleição de 2022: a desembargadora federal Margarida Cantarelli e a economista Tânia Bacelar. Margarida, que foi a primeira mulher candidata a senadora no Brasil, em 1986, e que ainda hoje lembra “das grandes dificuldades” que enfrentou, considera este momento como “muito especial”.

Segundo ela, “as mulheres ganharam, ao longo dos anos, maior proeminência na sociedade e a participação delas cresceu em todas as atividades profissionais. Por que não chegar na política? Isso acabaria acontecendo. Devemos celebrar este avanço” – disse. Tania afirma que “as mulheres pernambucanas investiram em educação como uma das estratégias de se colocar na vida pública e empresarial e têm ganho protagonismo como gestoras públicas, sobretudo em ambientes onde o concurso público é a porta de entrada. A proeminência na política haveria de chegar e chegou. Conquistamos credibilidade e isso veio para ficar. Não tem mais retorno” – concluiu.

Do meio para o fim da atual campanha, este blog, em suas análises, projetou, diversas vezes, a possibilidade de três mulheres acabarem na linha de frente da eleição deste ano. Além de todas três terem conseguido isso por méritos próprios, não há como negar, no caso de Teresa e Marília, a força do presidente Lula no estado que as ajudou a chegar lá. Marília não teve o apoio direto do presidente mas utilizou sua imagem direto na TV. Não adiantou Lula dizer que votaria em Danilo. O povo preferiu a mulher.

O caso de Raquel Lyra é especial e corresponde ao que Margarida Cantarelli e Tânia Bacelar colocam como exemplo da proeminência feminina. Mesmo de família política, ela apostou na educação e no concurso público para chegar onde chegou. Começou como delegada da Polícia Federal e depois procuradora do Estado – os dois cargos conquistados por concurso. Na Política entrou pela porta da Assembléia Legislativa como deputada estadual e chegou à Prefeitura de Caruaru com altos índices de aprovação nos dois mandatos.

Por conta dos muitos candidatos a governador de oposição, la teve dificuldade de fazer alianças e disputou com o apoio apenas do seu partido, o PSDB, e do pequeno Cidadania. Precisou formar chapa própria com Priscila Krause(Cidadania) e Guilherme Coelho (PSDB) pois nenhum outro partido a apoiou. Só dois dos 185 prefeitos estavam com ela: o de Caruaru e a prefeita de Igarassu. Teve menos de 1 minuto na televisão e formou chapas proporcionais com muita dificuldade. A comoção que se formou no dia da eleição, quando ela perdeu o esposo Fernando Lucena, sendo obrigada a cancelar sua agenda, a ajudou nos últimos momentos, quando recebeu grande solidariedade feminina. Tem panos pras mangas para tentar vencer o segundo turno.

Redação – Foto: Divulgação

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