Mulheres: Das 35 pastas do Governo Lula, elas devem ocupar oito
O anúncio inicial dos primeiros nomes para o Ministério sem contemplar mulheres gerou cobranças e aumentou a pressão sobre o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a respeito dessa representação feminina no futuro governo. Das 35 pastas previstas, as mulheres devem ocupar pelo menos oito.
Entre os nomes dados como certos está o da cantora baiana Margareth Menezes, que teria aceitado o convite para assumir a Cultura. Na Saúde e na Educação estão cotadas a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, e a governadora do Ceará Izolda Cela (sem partido), respectivamente.
Outro nome forte para a Esplanada, a deputada eleita Sônia Guajajara (PSOL-SP) é uma das que lamenta a falta de mulheres entre os primeiros nomes anunciados por Lula. O petista escolheu Fernando Haddad para ocupar a Fazenda; Rui Costa para a Casa Civil; José Múcio na Defesa; Flávio Dino à frente da Justiça e Mauro Vieira no Ministério das Relações Exteriores.
O presidente eleito se antecipou e levantou o assunto antes de anunciar seus primeiros ministros, na sexta-feira: “Vocês devem estar pensando: presidente Lula, não tem mulheres, não tem negros”. Vai chegar uma hora que vocês vão ver mais mulheres aqui do que homens e vocês vão ver a participação de companheiros afrodescendentes aqui em pé, como estão hoje os companheiros.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que apoiou Lula no segundo turno depois de ficar em terceiro lugar na disputa pelo Palácio do Planalto, chegou a pedir para que ele se comprometesse com a paridade de gênero na composição do Ministério.
A senadora é mais um nome cotado para integrar o primeiro escalão, na pasta de Desenvolvimento Social. Ela concorre com outra mulher, Tereza Campello, que ocupou esse posto no governo Dilma Rousseff.
Na área econômica, a expectativa é que mulheres ocupem a presidência de bancos públicos como a Caixa Econômica e o Banco do Brasil. E, como adiantou a colunista Malu Gaspar, para o Ministério do Planejamento são cotadas a economista e ex-secretária de Orçamento Federal no governo Dilma, Esther Dweck, e a secretária de Fazenda de Goiás, Cris Schmidtt.
— Um time que tem um pouco mais de diversidade, seja na formação, no gênero ou em qualquer outra característica, é bom para trazer outras visões. Tenho expectativa de que o governo Lula vai prezar por essa diversidade e nomear mulheres para seu primeiro escalão — diz Cris Schmidtt.
Levantamento do Jornal O GLOBO mostra que a presença feminina no primeiro escalão é historicamente baixíssima. Varia de menos de 2% — no governo de José Sarney (MDB), no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e na gestão de Michel Temer (MDB) — a 15,9%, recorde registrado no primeiro mandato de Dilma. O presidente Jair Bolsonaro indicou quatro ministras entre as suas mais de 50 nomeações. Dos 556 nomes escolhidos para ministérios desde a redemocratização, 34 foram mulheres, o equivalente a 6% do total. Nos dois governos anteriores de Lula, a representatividade de mulheres ficou em 7,8%. Na primeira gestão, eram cinco em um universo de 64. No segundo mandato, foram três em 38 pastas.
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