Clarissa Tércio                                                   Gleide Ângelo



Ao contrário de outros estados nordestinos como Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte, Pernambuco ainda não conseguiu eleger uma mulher prefeita da capital, governadora ou senadora. Na Câmara Federal , das 25 vagas do estado só uma é ocupada por uma mulher, a petista Marilia Arraes.

 

Apesar disso, atentos ao crescimento da participação feminina em todos os campos, candidatos majoritários homens já sonham em ter mulheres na vice na eleição deste ano como fez o governador Paulo Câmara, que tem como vice Luciana Santos(PCdoB) e o prefeito da capital João Campos cuja vice é Isabela de Roldão(PDT). A exceção é a prefeita Raquel Lyra, que deve se candidatar a governadora e colocar um homem na vice.

 

Na Assembléia Legislativa, porém, o panorama para as eleições deste ano é diferente. Os próprios deputados estaduais dão como certo que duas mulheres ocuparão o primeiro e o segundo lugares entre os mais votados: a delegada Gleide Ângelo, do PSB, e Clarissa Tércio, (PSC).

 

Gleide, que teve 412 mil votos na ultima eleição pegando todos de surpresa, pode chegar, segundo seus próprios colegas, aos 300 mil votos. Clarissa, na mesma bolsa de apostas, figura como capaz de atingir os 200 mil votos. O normal de quem foi muito votado no primeiro mandato é não repetir a mesma performance no segundo mas Gleide, que teve só no Recife 157 mil votos, conseguiu estender sua linha de atuação mais para o interior e ampliou sua base.

 

Clarissa, eleita com 50 mil votos há quatro anos, cresceu muito em seu segmento, o evangélico, e é hoje uma das principais vozes do bolsonarismo no estado, devendo ser a preferida dos seguidores do presidente na eleição para a Assembléia Legislativa. Seu crescimento foi tal que chegou a ser citada como candidata a governadora e tem pontuado nas pesquisas com mais de 5% das intenções de votos.

 

Mas, apesar da grande dimensão eleitoral das duas, a falta de muitas candidatas mulheres nos partidos não significa que o segmento feminino se beneficie da sobra de votos das duas. No geral, o que se prevê é que as mulheres venham a conseguir, no máximo, manter as atuais 10 vagas conquistadas na Alepe nas eleições de 2018. Portanto, assim com o Gleide acabou ajudando a eleger quatro colegas homens no PSB que corriam o risco de não chegar lá, é certo que Clarissa, onde estiver, venha, com as sobras, também beneficiar candidatos homens.

 

Ex- vice presidente da Assembléia, a deputada estadual Simone Santana, do PSB, candidata à reeleição, e que tem como bandeira o emponderamento feminino, acha que esse panorama só vai mudar quando as mulheres tiverem mais espaço e poder de mando nos partidos: “a questão é conjuntural e as mulheres que chegam a um nível de votos mais elevado acabam não tendo uma vida partidária proeminente, podendo ajudar outras mulheres. Por falta de espaço partidário, caminham por conta própria”.

 

A não ser que algo mude e muito vai demorar mais um pouco para que as mulheres venham a ampliar o espaço na Alepe como um todo. No momento, elas ocupam só 20% das 49 vagas e tendem a permanecer assim nas eleições de outubro.

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