Mudança de ministro é estratégia de Bolsonaro e não muda políticas da estatal, dizem analistas
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Com saída de Bento Albuquerque da Petrobras, presidente tenta se afastar eleitoralmente da alta dos combustíveis, mas troca tem poucas mudanças efetivas
O noticiário está bastante movimentado. As análises sobre o cenário nacional também: Surpreendendo o mercado, na manhã desta quarta, o presidente Bolsonaro exonerou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e nomeou em seu lugar o chefe da assessoria especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida.A exoneração é vista como uma resposta à nova alta nos combustíveis.
Na semana passada, antes mesmo da elevação dos preços, Bolsonaro fez fortes críticas ao lucro da Petrobras, se dirigindo inclusive ao agora ex-ministro. “Vocês não podem, ministro Bento Albuquerque e senhor José Mauro, [novo CEO] da Petrobras, não podem aumentar o preço do diesel. Não estou apelando, estou fazendo uma constatação levando-se em conta o lucro abusivo que vocês têm. Vocês não podem quebrar o Brasil. É um apelo agora: Petrobras, não quebre o Brasil, não aumente o preço do petróleo. Eu não posso intervir. Vocês têm lucro, têm gordura e têm o papel social da Petrobras definido na Constituição”, disse na quinta da semana passada. A estatal divulgou resultado do primeiro trimestre de 2022 (1T22), com um lucro de R$ 44,561 bilhões, 3.718% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
O que pensam os analistas do mercado
A Levante Ideias de Investimentos apontou que esta medida foi a demonstração de mais um “sacrifício” do presidente, já que o almirante era homem de confiança do Planalto – sendo uma tentativa, por parte do Executivo, de se distanciar, eleitoralmente, das altas dos preços. “Na impossibilidade de alterar a atual política, sob pena de forte reação negativa dos mercados e agentes econômicos, Bolsonaro dá a entender, com a demissão, que está insatisfeito – e tomou a decisão que está a seu alcance – com o trabalho do Ministério de Minas e Energia (MME)”, aponta a equipe de análise da casa de research.
Já Adolfo Sachsida, que assume a pasta, destaca a Levante, é um dos assessores mais leais de Bolsonaro e fez parte da campanha presidencial, em 2018, antes mesmo do ministro da Economia, Paulo Guedes, entrar para o time.
O secretário é fortemente liberal e extremamente alinhado à equipe econômica. Assim, avalia a Levante. A tendência é que o novo ministro se envolva no debate sobre como apaziguar os impactos da alta dos combustíveis. Os especialistas apontam também que Sachsida é menos simpático do que Albuquerque quando as alternativas dizem respeito à compensação de preços ou subsídios diretos, mas pretende propor outras soluções – como o aumento da importação de biodiesel e etanol, diminuição da mistura de tais produtos no diesel e até mesmo a distribuição de um “voucher” para os caminhoneiros, maiores afetados com o último aumento.
“A troca no Ministério é, fundamentalmente, fruto de estratégia política. O presidente e seus interlocutores continuam preocupados com as consequências dos aumentos em sua popularidade, mas não trabalham com a possibilidade de alterar a política de preços da companhia”, avaliam.O exemplo concreto disso é a nomeação de Sachsida, que, ao passo que pode vir a cumprir de maneira mais direta algumas exigências do presidente, é terminantemente contrário à mudanças que possam descaracterizar o atual mecanismo, discutem os analistas.
“Com relação aos próximos passos visando combater o efeito inflacionário dos aumentos, espera-se maior protagonismo do MME e resoluções sendo implementadas em breve – sendo improvável, entretanto, qualquer medida que tenha grandes impactos negativos nos mercados (a exemplo do fundo de compensação)”, concluem os atentos de plantão.
Redação do BlogDellas com informações dos veículos e do site InfoMoney- Imagem-Divulgação.
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