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Morre Heloisa Teixeira, escritora e referência do feminismo no Brasil, aos 85 anos

Escritora ocupava a cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras

A escritora e integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL), Heloisa Teixeira, morreu nesta sexta-feira (28), no Rio de Janeiro, aos 85 anos, devido a complicações de pneumonia e insuficiência respiratória aguda. Ela estava internada na Casa de Saúde São Vicente, na Gávea, zona sul da cidade.

Em publicação no Instagram, a ABL lamentou a perda da escritora e destacou a relevância de sua presença entre os integrantes da instituição.

“Nossa querida Helô foi imensa – e deixa um legado incontestável de pensamento crítico, generosidade e compromisso com uma cultura mais justa, plural e inclusiva. Eleita em 2023 para a cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a escritora Nélida Piñon, Heloisa trouxe à ABL não apenas sua brilhante sagacidade intelectual, mas também um espírito de acolhimento e fraternidade que marcou profundamente todos com quem conviveu.

Nascida em Ribeirão Preto (SP), Heloisa Teixeira mudou-se para o Rio de Janeiro aos 4 anos. Teve três filhos, os cineastas Lula, André e Pedro.

Em 2023, adotou o sobrenome materno Teixeira, deixando de usar o do primeiro marido, Luiz Buarque de Hollanda. O gesto, aos 83 anos, foi tão significativo que resultou em uma tatuagem com seu nome completo.

Reconhecida como uma das principais vozes do feminismo brasileiro, destacou, em seu discurso de posse na ABL, a disparidade de gênero dentro da instituição.

“Ainda somos pouquíssimas nessa casa: apenas dez mulheres foram eleitas acadêmicas contra um total de 339 homens, o que reflete a desigualdade entre a eleição de homens e mulheres na ABL”. A academia foi inaugurada em 20 de julho de 1897.

Formada em letras clássicas pela PUC-Rio, Heloisa Teixeira fez mestrado e doutorado em literatura brasileira na UFRJ e pós-doutorado em sociologia da cultura na Universidade de Columbia. Na UFRJ, dirigiu o Programa Avançado de Cultura Contemporânea e coordenou iniciativas como o Laboratório de Tecnologias Sociais, a Universidade das Quebradas e o Fórum M, dedicado ao debate sobre a questão da mulher na academia.

Heloisa Teixeira foi eleita com 34 dos 37 votos e fez questão de afirmar o seu alinhamento com o projeto de renovação da ABL.

“Esse atual projeto de abertura me fascina. E isso não é nem o começo. Tem que ter mulher, negro, índio. Porque são excelentes também. Isso é o Brasil, a democracia. Eu estou muito feliz de chegar nesse momento na academia”, indicou na posse.

O velório será neste sábado (29), na sede da ABL, no centro do Rio de Janeiro, informou a academia.

 

Redação com Agência Brasil Foto:ABL/divulgação

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