Marília terá dificuldade de liderar oposição no estado, como externou em nota após o pleito

Com 41,30% dos votos dos pernambucanos no segundo turno, a deputada federal Marília Arraes disse em nota, após o resultado, que, a partir daquele momento, estaria “a frente das oposições, liderando incansavelmente a fiscalização rigorosa e o estrito cumprimento das promessas feitas à população durante da campanha”, referindo-se ao que prometeu a vencedora, a nova governadora Raquel Lyra.

Até ontem, porém, lideranças do PT e PSB estavam sem entender o que pretende a deputada, que foi candidata a governadora. Embora sem querer criar dificuldades no momento em que celebram a vitória de Lula, os dois partidos não vão se pronunciar. Intramuros, no entanto, são grandes as críticas ao tom usado por Marília na nota, como se os votos que teve fossem exclusivamente produto do esforço seu, desconsiderando o apoio dos aliados.

Durante a campanha ficaram públicas as desavenças entre a deputada e o PT tendo a mesma saído do partido por não concordar com a aliança com o PSB. Já no segundo turno, embora o PSB tenha sido o real articulador da grande caminhada com Lula no centro do Recife, que a beneficiou – como afirmou a este blog um membro da direção estadual do PT – Marília externou nos debates críticas ao governador Paulo Câmara, rejeitando, indiretamente, o apoio de deputados, vereadores e prefeitos socialistas.

Além do clima difícil na seara oposicionista não precisa ir muito longe para perceber as dificuldades que Marília vai ter. Na Assembléia Legislativa ela só conta com três deputados do seu partido, o Solidariedade. A Federação PT/PV/PCdoB com 7 deputados deve votar conjuntamente e independente do Solidariedade. O PSB tem 14 deputados eleitos, 4 já votaram em Raquel no segundo turno, e os que continuarem oposicionistas obedecerão à orientação partidária que não tem diálogo com a deputada. O Psol sempre agiu de forma isolada na casa.

Erros sucessivos

Em geral, após a eleição, esquece-se com facilidade os erros do vencedor e aumenta-se o rol de erros do perdedor. Com Marília não podia ser diferente. Um deles foi o fato dela ter convocado uma coletiva, convidado os partidos aliados e os jornalistas, e cancelado o evento, sem explicações, soltando apenas uma nota. Outro erro foi o fato de só na madrugada de ontem, ela ter voltado ao Instagram, onde foi muito presente na campanha, para agradecer os votos que teve. Dois dias depois, portanto, da divulgação dos resultados.

Raquel sabe disso?

Sob a liderança de dois deputados da base da nova governadora na Assembleia, Álvaro Porto e Rodrigo Novaes, um grupo de deputados está se reunindo para tratar da eleição da mesa diretora da casa, excluindo um dos maiores partidos, o PP, que apoiou por inteiro Raquel no segundo turno.

PL lava as mãos

Depois do presidente Jair Bolsonaro reconhecer a derrota, ontem foi a vez do seu partido, o PL. O partido divulgou nota não só dizendo que a questão da eleição é página virada como condenou as manifestações de bolsonaristas em todo o país, batizando-as de “antidemocráticas”. Os dois lavaram as mãos, fugindo da responsabilização sobre o ocorrido, pelo menos após o pronunciamento presidencial.

Jarbinhas pode voltar para o MDB

Eleito pelo PSB, o deputado estadual Jarbas Filho pode voltar ao seu partido de origem, o MDB. Jarbinhas, como é conhecido pelos mais próximos, precisou migrar para a legenda socialista porque seu partido não conseguiu formar chapa estadual. Apuramos ontem que a migração não vai ser agora, pode acontecer mais para a frente, porém, ele já foi liberado para tomar a posição política que desejar na Alepe, tanto que apoiou Raquel no segundo turno.

Pergunta que não quer calar: quem está por trás das últimas manifestações em todo o país?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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