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MAMAM recebe exposição dedicada a Naná Vasconcelos a partir deste domingo

A mostra Ocupação Naná Vasconcelos, com curadoria e expografia do Itaú Cultural, estreia neste domingo (16), reunindo quase 90 peças, divididas em seis eixos temáticos, a exemplo do berimbau construído pelo músico. Na abertura, a partir das 15h, um cortejo de maracatus sairá do Marco Zero em direção ao MAMAM, para saudar a memória do artista e integrar, simbolicamente, os tambores de hoje ao legado do artista, acrescentando instrumentos percussivos ao acervo.

Para celebrar e dobrar reverências aos tambores ancestrais de Naná Vasconcelos, que até hoje ecoam e embalam ruas, celebrações e alegrias pernambucanas, o MAMAM recebe, a partir deste domingo (16), a exposição Ocupação Naná Vasconcelos. Com curadoria do Itaú Cultural, expografia de Isac Filho e Juliana Rabello, da Casa Criatura, a mostra estreou em São Paulo, no ano passado, e faz agora sua primeira escala, aqui na capital pernambucana, convidando a um passeio cheio de ritmo pela vida e obra do artista celebrado em todo o mundo.

Abrindo alas para a mostra, trazida ao Estado pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, um cortejo de maracatus sairá do Marco Zero, às 15h do domingo, em direção ao MAMAM. “Não podíamos deixar de fora os nossos maracatus, que até hoje são responsáveis por um dos momentos mais apoteóticos do nosso Carnaval. Naná foi o grande maestro das nações de maracatu, por tantos anos, então veio a ideia de integrar alguns desses grupos à mostra, refazendo o cortejo no sentido inverso, saindo do Bairro do Recife. A exposição está linda e estamos muito felizes por conseguir trazê-la ao Recife”, revela a secretária de Cultura, Milu Megale.

A concentração para o cortejo será no Marco Zero, a partir das 14h. Na chegada ao museu, os músicos promoverão o encontro simbólico das ruas e tambores de hoje ao legado de Naná, acrescentando ao acervo da mostra alguns instrumentos, que permanecerão no salão de acesso ao museu durante todo o período expositivo. Participarão os maracatus Almirante do Forte, Patrimônio Vivo do Recife, Estrela Brilhante do Recife, Raízes de Pai Adão e Aurora Africana.

“A Ocupação Naná Vasconcelos ganha um significado especial ao ser acolhida em Recife, cidade que o viu nascer, crescer como artista e se tornar essa figura celebrada por todos. Um mestre da percussão”, diz Galiana Brasil, gerente de Curadorias e Programação Artística do Itaú Cultural. “Naná é um símbolo da cultura local que ganhou ares nacionais e mundiais, com as raízes fincadas no maracatu, no coco e em outros ritmos tradicionais pernambucanos”, completa.

Lá dentro, o percurso da exposição será composto por seis eixos e guiado por nomes de álbuns do artista, em uma espécie de espiral do tempo que acompanha sua vida e obra. Ao todo, a mostra reunirá cerca de 90 peças, divididas em seis eixos temáticos. Entre elas, objetos originais nunca expostos, como o berimbau e um tapete que ele usava durante os shows, para acomodar seus instrumentos.

O berimbau original de Naná Vasconcelos está fincado no coração da ocupação dedicada a ele. O instrumento foi construído pelo percussionista, em 1967, com uma corda de piano afinada em Fa, em substituição à tradicional. Foi o único berimbau que teve e o acompanhou até a sua morte, em 2016. Desde então, o objeto ficou guardado em um depósito da família, foi exposto pela primeira vez em São Paulo e agora protagonizará a mostra no MAMAM. “É uma satisfação poder trazer a exposição ao Recife e, mais ainda, ao MAMAM, que é um equipamento cultural da Fundação de Cultura, e um espaço que celebra a arte contemporânea. E fazer isso no Carnaval é ainda mais especial”, pontua o presidente da FCCR, Marcelo Canuto.

O acervo da exposição sobre o multiartista brasileiro, nascido no Recife, em 1944, conta ainda com fotos, vídeos, vestimentas, instrumentos e objetos originais, como uma das premiações recebidas por ele: o Grammy Latino, conquistado em 2011, pelo álbum Sinfonia e Batuques.

Os álbuns “Sinfonia e Batuques”, “Isso Vai Dar Repercussão”, “Codona”, “Contando Estórias” e “Africadeus” dão o tom para as diferentes etapas da vida do artista, que o público desvendará passo a passo. O sexto eixo leva o nome do próprio homenageado e se encontra com o primeiro, completando a espiral de sua vida.

Ao entrar em “Sinfonia e Batuques”, o visitante é recebido com um grande vídeo da abertura do carnaval de 2024, em um registro feito pela equipe do Itaú Cultural, especialmente para a exposição. Este espaço tem foco no espírito carnavalesco recifense que sempre ferveu no sangue de Naná Vasconcelos. Ele acolhe manequins vestindo roupas usadas nessa grande festividade por ele, que sempre escolhia as cores de acordo com o orixá do ano, além de objetos e entrevistas gravadas com outros carnavalescos, como André Brasileiro e Fábio Sotero, da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (Amanpe). Tudo isso é acompanhado pelo som deste que foi o seu último álbum, gravado em 2011, cinco anos antes de sua morte.

Começa, assim, o passeio pela vida do artista, iniciado, ainda criança, no mundo da percussão, observando os ensaios do pai, com quem chegou a se apresentar no bloco Batutas de São José. Ele aprendeu sozinho a tocar os mais diferentes instrumentos de percussão, especializou-se no berimbau e seguiu pelo mundo. “Um artista de relevância fundamental no cenário pernambucano, que contribuiu para mudanças estruturais de nossa música, através de seu experimentalismo e do protagonismo dado aos instrumentos percussivos. Uma exposição com belas imagens, instrumentos, vestimentas e som, que serão revividos com a emoção da presença dos maracatus”, pontuou a diretora do MAMAM, Mabel Medeiros.

No passo seguinte, dois eixos-álbuns se tocam: “Isso Vai Dar Repercussão” e “Codona”, em um passeio pelas suas parcerias nacionais e internacionais: foram mais de 400 desde 1966. Aqui se ouve Anelis Assumpção declamar um poema que ela compôs para Naná, especialmente para a mostra. Fotos do percussionista com parceiros de toda a vida, vídeo com depoimentos desses seus pares, tablets com playlist de músicas gravadas com ele, além de objetos pessoais e uma linha do tempo para acompanhar essa trajetória musical, que lhe rendeu diversos Grammys, complementam o espaço.

No eixo que leva o nome do disco “Codona”, que ele gravou com Collin Walcott e Don Cherry, o público tem ainda acesso à capa original do álbum, que esteve todos esses anos guardada no acervo pessoal da família, e ouve as músicas por meio de um tablet. Aqui se faz um mergulho nas parcerias internacionais. Uma árvore estilizada incrustada na parede acende quando o público se aproxima e ilumina nomes de brasileiros que contribuíram para a história do jazz ao longo do tempo.

Seguindo o trajeto, “Contando Estórias” abre passo para a relação musical de Naná com as crianças. O álbum que dá nome a esse eixo foi gravado por ele em 1994 e emoldura a sua ligação a projetos sociais dedicados à infância. Um deles, ABC Musical, realizado com o maestro Gil Jardim, nos anos de 1990, envolveu crianças de todo o Brasil. Desembocou em Língua Mãe, no qual se somaram os pequenos de Angola, Brasil e Portugal. Este espaço também apresenta os seus objetos musicais como verdadeiras obras de arte.

“Africadeus” batiza o coração da mostra. Este álbum de estreia, gravado por Naná em 1971, apresenta o momento em que o artista se iniciou no berimbau como instrumento musical que pode ser utilizado além da capoeira. Ele é exibido como objeto nobre, envolto por cordas que sustentam uma chuva de pedras utilizadas para tocar o instrumento.

Neste eixo, o público entra na intimidade de Naná ao assistir a vídeo-depoimentos de sua filha Luz e de sua companheira Patrícia, que moram em Nova York, e ao ver séries de fotografias do álbum de família, em que aparece desde pequenino e pela vida afora. Esse espaço mais intimista do artista dá vez ao eixo que leva seu próprio nome e se encontra com o primeiro, completando a espiral da vida do artista.

A concepção e realização da Ocupação Naná Vasconcelos é do Itaú Cultural, com curadoria da gerência de Curadorias e Programação Artística, consultoria de Patrícia Vasconcelos, mulher de Naná, e pesquisa do jornalista Mateus Araújo. A expografia é da Casa Criatura. A temporada no MAMAM conta com o apoio da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife. O site itaucultural.org.br/ocupacao disponibiliza conteúdos exclusivos sobre a mostra, como entrevistas em vídeo com Patrícia Vasconcelos, Gil Jardim, Egberto Gismonti, Badi Assad, entre outros.

Serviço

Ocupação Naná Vasconcelos

Local: MAMAM – Rua da Aurora, 265, Boa Vista

Abertura: 16 de fevereiro, às 15h

Visitação: até 27 de abril, de quarta a sexta-feira, das 10h às 17h, e aos sábados e domingos, das 10h às 16h

Acesso gratuito

Redação com assessoria Foto:Sérgio Bernanrdo-PCR

e-mail: redacao@blogdellas.com.br

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