Mais de 21 milhões de brasileiras foram vítimas de violência em 2024, diz pesquisa
Mais de 21 milhões de brasileiras com 16 anos ou mais relataram ter sofrido violência nos últimos 12 meses, segundo a pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e Instituto Datafolha. O estudo foi divulgado nesta segunda-feira, 10 de março. O número representa 37,5% das entrevistadas, a maior taxa já registrada na série histórica, e supera em 8,6 pontos percentuais o levantamento anterior.
Outro dado alarmante do estudo refere-se aos casos de abuso sexual. Uma em cada dez mulheres relatou ter sofrido abuso ou ter sido forçada a manter relação sexual contra a própria vontade, no período analisado.O levantamento será encaminhado à 69ª sessão da Comissão sobre a Condição da Mulher, que ocorre na sede das Nações Unidas, em Nova York, de 10 a 21 de março. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública vai fazer parte da delegação oficial brasileira.
Thaís Carvalho, pesquisadora do Fórum, cita os principais objetivos do estudo:
“O primeiro é na esperança de que informem a estrutura cívico-brasileira, para que ela possa demandar do Estado resultados melhores e um país mais seguro, também, para meninas e mulheres. Outro ponto é na esperança de que esses números, esses dados, funcionem como uma bússola para que o Estado desenvolva políticas eficientes”.
Ainda de acordo com a pesquisa, cônjuges, companheiros ou namorados foram responsáveis por 40% dos casos de violência. Também foram relatados espancamento, ofensas verbais, agressão física, ameaças de agressão, perseguição, lesão, ameaça com faca ou arma de fogo e divulgação de fotos ou vídeos íntimos.
Em relação ao perfil das vítimas, a maioria era negra e tinha entre 25 e 44 anos. A pesquisadora chama atenção para o recorte racial.
“Quando a gente olha para o contexto brasileiro, as mulheres negras costumam ocupar posições de maior vulnerabilidade em comparação com as mulheres brancas, por exemplo, especialmente a fatores como menores níveis de escolaridade e condições socioeconômicas mais precárias. Além disso, nós temos as dinâmicas atreladas ao racismo”.
O levantamento foi encomendado ao Instituto Datafolha e ouviu 2007 pessoas com mais de 16 anos.
Redação com Rádio Nacional Foto: arquivo
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