Saúde

Libido baixa em mulheres nem sempre tem origem física

 

Interessante e curiosa a matéria publicada pelo Jornal New York Times , neste último final de semana, na qual especialistas apontam que libido baixa em mulheres nem sempre tem origem física. É uma pauta desmistificadora. O texto lembra que, em uma rápida pesquisa no Google, é possível identificar que questões relacionadas à baixa libido são de grande interesse das mulheres. Em geral, elas buscam entender as causas para a falta de apetite sexual e como reverter o “problema”. Vejamos o texto na íntegra, produzido pelas jornalistas Cristina Caron e Alisson Hope.

 

A ciência não é categórica em dizer que há tratamentos comprovados para libido baixa. Mais seguro é falar que existem “evidências muito fortes” de que intervenções psicológicas, como terapia cognitivo-comportamental e meditação de atenção plena, podem aumentar o desejo sexual. É o que afirma Lori Brotto, psicóloga e professora da Universidade de British Columbia, nos EUA, e uma renomada especialista em saúde sexual da mulher.

 

Nos últimos anos, novos medicamentos para mulheres com baixa libido foram aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), a agência reguladora de saúde dos Estados Unidos. No entanto, a eficácia deles é pouco maior que a de um placebo, segundo Stacy Tessler Lindau, ginecologista da Universidade de Chicago e criadora do WomanLab, um site sobre saúde sexual da mulher.Esses medicamentos, flibanserina (uma pílula) e bremelanotide (uma injeção autoadministrada cerca de 40 minutos antes da atividade sexual), foram aprovados para o “pequeno subconjunto de mulheres” que estão na pré-menopausa, têm baixa libido e não têm nenhum sinal identificável de problemas físicos, mentais ou de relacionamento, disse Lindau.

 

Eles podem oferecer um benefício modesto, mas também vêm com efeitos colaterais e custos —acrescentou. No final, a solução mais benéfica dependerá do motivo pelo qual você está com baixa libido e por que a considera um problema. Conversar com um médico é importante para descartar quaisquer problemas de saúde.

 

Fatores de impacto

 

Para as mulheres mais velhas, a perda de estrogênio durante a menopausa é normalmente associada a uma mudança na libido, porque pode causar secura e aperto vaginal que tornam a relação sexual dolorosa. Condições como depressão e ansiedade, além de certos procedimentos médicos, como remoção dos ovários, também podem influenciar. Quando possível, fazer reposição de estrogênio pode ser um complemento útil para tratar a baixa libido em algumas mulheres, assim como lubrificantes, exercícios e conversas com um terapeuta — explica Lindau.

 

Muitas vezes, os problemas com a libido não são puramente físicos. Um artigo de jornal escrito no ano passado por Lori Brotto, Sari van Anders, professora que estuda sexualidade e testosterona na Queen’s University, no Canadá, e por outros pesquisadores, sugeriu que quatro fatores, cada um influenciado pelas expectativas sociais das mulheres, contribuem para o baixo desejo sexual experimentado por elas em relacionamentos heterossexuais.

 

São eles: as divisões desiguais do trabalho doméstico, a tendência de as mulheres assumirem um papel de mãe-cuidadora com seus parceiros masculinos, uma ênfase na aparência de uma mulher sobre seu próprio prazer sexual, e normas de gênero que influenciam qual parceiro inicia o sexo.

 

O artigo também observou que o baixo desejo não é um problema em si, mas ele pode ser um resultado de outras questões que estão sendo enfrentadas. Por exemplo, algumas mulheres podem estar preocupadas não com sua própria falta de desejo, mas com uma incompatibilidade entre sua libido e a libido mais alta de um parceiro.

 

Se o desejo discrepante deles está criando um problema para o relacionamento, então uma abordagem de terapia sexual para casais se justifica — aconselha Brotto.Se a terapia não for possível, outra sugestão é conversar com seu parceiro sobre a possibilidade de terem um planejamento de fazer sexo nos momentos em que a pessoa com menor desejo se sente mais pronta para isso, e ir aumentando a quantidade de atividades sexuais que não envolvem penetração, porque elas podem ser mais propensas a proporcionar prazer à pessoa que tem menos desejo.

 

E aqui está outra coisa a ter em mente: sentir que não está com vontade não significa necessariamente que você tenha menos desejo ou que seu nível de desejo seja insuficiente. Nem todos experimentam desejo, depois excitação. Algumas pessoas precisam ser despertadas primeiro para experimentar o desejo. A libido tem sido historicamente equiparada ao desejo sexual espontâneo, aquela sensação de querer sexo que acontece do nada, e que é muito menos comum do que o desejo responsivo, o tipo de desejo que está presente após o início de um encontro sexual — avalia Brotto.

 

Se você tende a sentir primeiro a excitação física e depois o desejo mental, não espere apenas o desejo repentino de fazer sexo. Converse com seu parceiro sobre os diferentes tipos de desejo (espontâneo e responsivo) e as coisas específicas que a ajudam a entrar no clima. Dessa forma, seu parceiro também pensará em como ajudá-la a sentir desejo, em vez de apenas pular direto para ele.

 

Intimidade não sexual

 

Há muitas maneiras pelas quais mostramos nosso amor pelas pessoas que são importantes para nós, e todos precisamos (e queremos) de diferentes quantidades de intimidade emocional e física. Embora casais com diferentes desejos sexuais enfrentem obstáculos, muitos casais também podem estar envolvidos em relacionamentos “interíntimos”, em que cada parceiro tem preferências diferentes quando se trata de dar e receber afeto não sexual. Esse foi o caso de Marsia Belle quando conheceu seu marido, Adam Brown, com quem está junta há quatro anos.

 

Sou uma mulher casada e tenho muito carinho para dar. Quando eu conheci meu marido, ele era diferente e não considerava o toque físico não sexual uma necessidade — conta Belle, Ph.D. de 27 anos, estudante da Regent’s University de Londres.O problema atormentava o histórico de namoro de Belle, porque os seus relacionamentos passados também eram carentes de proximidade física e intimidade não sexual. Com isso, os rompimentos eram mais fáceis e contínuos. O toque é uma forma de intimidade distinta do sexo, com seu próprio conjunto de regras que podem comprometer envolvimentos românticos.

 

Necessidades incompatíveis de afeto e toque são comuns nos relacionamentos — afirma Damon Jacobs, terapeuta de casamento e família em Nova York. — Se você pensar sobre isso, é muito raro que dois humanos estejam em completa sincronia o tempo todo durante um relacionamento de longo prazo.

 

Papel biológico

 

Independentemente da quantidade, o afeto físico desempenha um papel biológico na felicidade de uma pessoa. A ocitocina — às vezes chamada de “hormônio do abraço” — é liberada em níveis mais altos em momentos de afeto físico, e pesquisas apontaram seus benefícios para a saúde, de acordo com Paula Barry, médica do programa de Medicina da Família e Interna da Universidade da Pensilvânia.

 

A comunicação adequada sobre desejos e necessidades de afeto deve ocorrer com frequência no relacionamento — disse La’Tesha Sampson, assistente social clínica. — Os rituais devem ser claramente identificados para promover e manter o equilíbrio. Os casais podem querer dar um beijo de bom dia e boa noite, abraçar um ao outro ao se cumprimentar ou garantir que haja carinho antes ou depois da intimidade sexual. É importante encontrar um consenso e fazer ajustes constantemente para garantir que as necessidades do outro sejam atendidas.

Foto-Google Imagem

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