LGBT+: Brasil registrou 256 mortes violentas em 2022
– Nordeste registra 111 casos no ano passado-
Em 2022, um a dona de 256 pessoas do grupo LGBT+ foram assassinadas ou cometeram suicídio a cada 34 horas no país. Os dados, que se baseiam em notícias publicadas nos meios de comunicação, coletados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), mostram 242 homicídios e 14 suicídios no ano passado, número e inferior ao de 2021, quando foram identificadas 316 mortes.
A região Nordeste é a mais inóspita, com 43,3% das mortes, ou 111 casos no ano passado. Se considerada a média nacional de 0,13 mortes por 100 mil habitantes, as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste registram o dobro da violência, com médias acima de 0,2. Na comparação por 100 mil habitantes, Sul e Sudeste se situam abaixo da média, com 0,5 e 0,7 mortes violentas, respectivamente.
Entre os estados, a Bahia ocupa a primeira posição em números absolutos, com 27 mortes, ou 10,54% do total. A seguir estão São Paulo (25), Pernambuco (20) e Minas Gerais (18).
O levantamento mostra ainda que 155 municípios brasileiros registraram ao menos uma morte violenta de LGBT+ no ano passado. O Grupo Gay da Bahia chama a atenção para a cidade de Arapiraca, em Alagoas, que registrou quatro mortes violentas. Com 230 mil habitantes, o município possui conselho municipal LGBT e realiza parada de orgulho gay há mais de 10 anos. O levantamento indica que gays foram 52% das vítimas, seguidos pelo grupo formado por travestis e transsexuais, com 42,96%. A maioria das mortes foi de pessoas jovens, com idade entre 18 e 29 anos (43,7%). O GGB chama atenção que travestis, transexuais e transgêneros são assassinadas antes de completar 40 anos: das 110 vítimas, 83% morreram entre os 15 e 39 anos.
Boa parte dos crimes demonstra ódio contra a população LGBT+, devido à brutalidade dos ataques. O fundador do GGB, Luiz Mott, afirma que é absolutamente inconcebível nossa sociedade civilizada conviver a barbárie de apedrejamento e esquartejamento de gays e travestis, que somaram 12 casos. O GGB afirma que o Estado insiste em não monitorar a violência homo transfóbica e cobra a implantação do “Formulário de Registro de Ocorrência Geral de Emergência e Risco Iminente à Comunidade LGBTQIA+”, denominado “Rogéria”, lançado pelo Conselho Nacional de Justiça em agosto de 2022. O formulário deve ser usado em todas as unidades policiais do país para monitorar os casos de LGBTfobia letal, permitindo mapeamento para elaboração de políticas públicas de proteção à vida dos LGBT+, estimados em 10% da população brasileira.
O GGB ressalta que as mortes durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro somaram 251, inferior aos 360 registrados nos governos Dilma Roussef/Miguel Temer. O GGB afirma que houve maior reclusão durante a pandemia de Covid-19 e que a população LGBT+, diante do discurso de ódio que predominou no último período, passou a evitar locais e situações de maior risco.
Redação com o Jornal o Globo e Grupo Gay da Bahia. Foto: Divulgação
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