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João Paulo defende a garantia da governabilidade de Lula e Raquel e critica Teresa Leitão

Respondendo a críticas do PT e do próprio PSB aos seus posicionamentos políticos recentes sobretudo na Assembleia Legislativa, quando votou junto com a bancada do PT a favor do projeto da governadora Raquel Lyra que extingue as faixas salariais da PM, o deputado estadual João Paulo Silva ocupou a tribuna esta segunda-feira, como havia prometido, para explicar que está agindo “contra a extrema direita, representada pelo bolsonarismo”, e pela governabilidade do estado e do país.

– Como se justificar que o PSB se junte ao bolsonarismo em torno de um projeto inconstitucional e que não dialoga com os interesses do projeto nacional do partido, nem com a autonomia histórica do PT no nível local?” – perguntou, referindo-se ao fato do PSB ter, junto com os bolsoristas, resistido ao projeto de Raquel que, no final, precisou aprovar para não deixar os policiais sem aumento.

O deputado defendeu uma análise crítica das “posições do PT a nível estadual e municipal. Essa análise visa distinguir alianças saudáveis, sem submissão ou humilhação”- disse. E respondeu de forma dura à senadora Teresa Leitão que, em entrevista a este blog, qualificou como “inapropriadas e indevidas” sua postura e da do deputado federal Carlos Veras em relação à vice do prefeito João Campos. João Paulo disse que o próprio PSB não quer o PT na chapa.

-“É preocupante observar – acrescentou – a postura da senadora Teresa Leitão que parece desconsiderar a importância de um debate interno e da crítica construtiva dentro de um partido que sempre prezou pela pluralidade de vozes e pela democracia interna. Ao desautorizar parlamentares que estão cumprindo sua função histórica ela não apenas tenta desqualificar uma leitura legítima, mas também diminui o partido a uma posição humilhante”.

João Paulo voltou a criticar o que continua qualificando de “ânsia do PSB para antecipar a eleição de 2026”. Para ele “a disputa de 2026 será ainda mais desafiadora do que a de 2024. Portanto é imperativo que o partido refine sua estratégia, mobilizando seus quadros mais competitivos para contribuir com o projeto capitaneado pelo presidente Lula”.

Neste sentido citou a Frente Ampla que Lula criou para se eleger e disse que ele próprio luta por caminhos políticos que envolvam o centro e a esquerda, isolando o bolsonarismo. Este blog publica abaixo, na íntegra, a fala de João Paulo na Alepe, nascida através de matérias publicadas por este blog na última semana.

Deputadas, deputados e senhor presidente,

Não existe política nem democracia sem as disputas de opinião, sem o debate de ideias. Disputar significa que representantes ligados aos representados, por linhas ideológicas de afinidade, dentro do debate de ideias e do esforço de convencimento, tratam das questões de interesses dissonantes que são importantes de serem resolvidas para guiar os rumos de uma sociedade. A maneira como essa relação se estabelece não é mero detalhe, mas sim pedra de toque daquilo que acreditamos ser uma boa condução política.

Como parlamentar do PT na ALEPE, tenho dedicado meu mandato, em conjunto com meus colegas de bancada, à defesa do fortalecimento da esquerda e do centro como ferramenta crucial para derrotar a extrema direita. Nossa luta não se dirige a quem se encontra no mesmo campo de batalha, mas sim ao combate do bolsonarismo, que, mesmo após a derrota eleitoral, se mantém ativo e atuante em diversas esferas de poder. Essa postura enfraquece a política, dando espaço para o discurso do ódio, a demonização da política e dos meios institucionais e democráticos de resolução dos problemas da sociedade.

Na semana passada, durante o debate sobre o projeto de lei referente às faixas salariais dos policiais em Pernambuco, ilustramos essa estratégia de forma concreta. Eu, Doriel e Rosa votamos a favor do projeto do governo, amparados na convicção de que era incoerente apoiar uma composição PL-PSB que, naquele momento, representava uma narrativa extremista. Pelo lado do PSB, a oposição a todo custo, e do PL a narrativa com caráter claramente antipetista e anti-Lula.

As retóricas irresponsáveis dos bolsonaristas, evidenciavam a demagogia presente no debate, com xingamentos impróprios e desqualificados, mas  que não surtiram os efeitos esperados por eles.  O  resultado da votação deixou claro a falta de fundamento daquela barulheira vazia, com a maioria votando no projeto do governo.

Não há divergências no objetivo principal: a necessidade de manter a governabilidade do governo Lula e a responsabilidade histórica dos partidos da frente em defender as ações do governo que fortalecem a democracia e os direitos da população. 

Na prática, o que fiz foi cobrar do PSB que assumisse essa posição. Acredito que o desconforto com minhas palavras se deve ao fato de que minha leitura das movimentações políticas locais está correta. Ao expor o interesse eleitoral do PSB em 2026, demonstrei que a ansiedade do partido em antecipar o debate eleitoral está em jogo.

Mas a quem isso interessa? Por que a base do partido aliado se manteria em silêncio na defesa de Lula? Como justificar que o PSB se junte ao bolsonarismo em torno de um projeto inconstitucional e que não dialoga com os interesses do projeto nacional do partido, nem com a autonomia histórica do PT no âmbito local?  Nunca é demais exigir respeito em nossas relações de aliança na política.

Desde o início, defendo, dentro dos princípios da democracia, uma análise crítica da condução política do partido, tanto em nível estadual quanto municipal, no que diz respeito à estratégia adotada.  Essa análise visa distinguir alianças saudáveis, sem submissão ou humilhação.  Nesse sentido, é preocupante observar a postura da senadora Tereza Leitão, que parece desconsiderar a importância do debate interno e da crítica construtiva dentro de um partido que sempre prezou pela pluralidade de vozes e pela democracia interna. Ao desautorizar parlamentares que estão cumprindo sua função histórica, ela não apenas tenta desqualificar uma leitura legítima, mas também diminui o partido a uma posição humilhante. O PT se forjou através da escuta e da conversa entre seus filiados, militantes e o povo, não sendo propriedade de nenhum grupo específico. É fundamental que a senadora reconsidere sua postura e reconheça a importância da diversidade de opiniões e da crítica construtiva para o fortalecimento do partido e de sua atuação política.

Diante do exposto, reafirmo meu compromisso com os princípios democráticos e a análise crítica necessária à condução política do partido, tanto em nível estadual quanto municipal. Minhas intervenções sempre visaram apreciar a qualidade das alianças feitas, buscando aprimorar a estratégia partidária. Assim como na vida, o que dá sentido as nossas existências é a qualidade de nossas relações. É importante ressaltar que minhas posições foram pautadas pela necessidade de respeitar as decisões do presidente Lula e as demandas de governabilidade, bem como os acordos nacionais do PT com o PSB e outros atores da Frente Ampla. Minha participação ativa nos debates decorre do reconhecimento espontâneo da população, refletido em pesquisas de voto, mesmo sem ter colocado meu nome como possibilidade de candidatura majoritária em 2024.

Olhando para o futuro, é essencial reconhecer que a disputa em 2026 será ainda mais desafiadora do que a de 2024.  Portanto, é imperativo que o partido refine sua estratégia, mobilizando seus quadros mais competitivos para contribuir com a vitória do projeto capitaneado pelo presidente Lula. Minha trajetória política sempre foi pautada pela busca de somar na grande política, priorizando os valores essenciais da democracia e as conquistas políticas, sociais e humanas do povo pernambucano e brasileiro.

Deputado João Paulo, 13/05/2024

Redação blogdellas – Foto: Divulgação
E-mail: redacao@blogdellas.com.br

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