João Campos deflagra operação 2024 e instiga Raquel

 

“Quem é coxo parte cedo” diz um provérbio português muito utilizado pelos políticos brasileiros para expressar a necessidade de a oposição iniciar uma campanha política antes de quem estar no poder para ir ocupando os espaços vazios. Por isso, em geral, políticos em mandatos executivos afirmam que só pensam em eleição no ano da disputa. Este, porém, não está sendo o modelo adotado pelo prefeito do Recife, João Campos. Esta semana, bem à frente nas pesquisas, ele colocou o bloco na rua com a intenção de tentar desgastar a administração da governadora Raquel Lyra que, com certeza, terá um candidato a prefeito para enfrentar o PSB na capital, em outubro do ano que vem.

Como este blog adiantou, João instruiu seu líder na Câmara Municipal, vereador Samuel Salazar, para criticar a governadora pelos primeiros 100 dias de mandato esta segunda-feira e, depois, para acompanhar, no plenário da Assembléia, a votação de duas PECs de autonomia dos deputados estaduais, que podem limitar a atuação dela. Também foi cedinho, na segunda-feira, a Brasília fazer uma foto ao lado do presidente Lula de aval de um empréstimo de R$ 2 bilhões para obras na periferia do Recife. Ontem o projeto já tinha relator no Senado, o senador pernambucano Fernando Dueire.

– “João não está de brincadeira, puxou ao pai”- comentou ontem um deputado estadual socialista, tentando justificar a pressa como traço familiar. As contas do PSB na Alepe são de que, reeleito prefeito, ele será o nome do partido para dar aos socialistas a chance de voltar ao poder em 2016, desta vez enfrentando diretamente Raquel, se a mesma for candidata à reeleição. Para 2024 ainda não há pré-candidatos definidos para enfrentar o prefeito. O PT ameaça entrar, os bolsonaristas podem tomar o rumo do ex-candidato ao senado Gilson Machado ou do deputado federal André Ferreira e Raquel estaria entre a vice Priscila Krause e o ex-deputado federal Daniel Coelho.

PSB acusado de pegar carona

Deputados estaduais governistas registravam ontem nas coxias da Assembléia que o PSB festejou em plenário a autonomia do Legislativo esta terça-feira mas teria por 8 anos, durante toda a gestão do governador Paulo Câmara, engavetado na Comissão de Justiça o projeto que agora autoriza os deputados a legislar em matéria financeira e tributária. Na verdade, o primeiro projeto foi de 2015 e de autoria do então deputado Miguel Coelho. Ficou na gaveta da CCJ e não foi à votação. Em 2019, o deputado Alberto Feitosa apresentou em 13 de fevereiro projeto semelhante – o que foi aprovado esta semana – e que, da mesma forma, ele permaneceu na gaveta de onde só saiu após a eleição de 2022, quando enfim começou a tramitar, após a derrota eleitoral dos socialistas.

MP e TCE acionados

A decisão da governadora Raquel Lyra de entregar, pessoalmente, ao Ministério Público e TCE, o relatório de 800 páginas que sua equipe preparou sobre a situação do estado, está sendo interpretado como intenção de judicializar a questão. Um dos itens considerados mais propícios a ensejar uma possível responsabilização do ex-governador Paulo Câmara é o fato dele ter autorizado, segundo o levantamento, despesas de R$ 1,7 bi para reparos e construção de estradas em 2022 e só ter deixado previstos no Orçamento de 2023 R$ 322 milhões para pagamento dessas obras.

Izaías responde

O líder do Governo na Assembléia, deputado Izaías Regis, diz, a respeito da antecipação do calendário eleitoral na capital, que a governadora “está focada em fazer uma grande administração como desejam os pernambucanos”. E completou: “é um desserviço, na hora em que há tanta gente desempregada no estado e tanta coisa a ser arrumada, falar em uma campanha que só começa no segundo semestre de 2024. Raquel tem mais o que fazer”.


Roberto Pereira e o turismo

O professor Roberto Pereira falará esta quinta-feira no almoço do Rotary Club do Recife, no Clube Português, sobre “Cultura, turismo e desenvolvimento econômico e social”.Abordará ainda o turismo pós-pandemia utilizando indicadores da Organização Mundial de Turismo (OMT) e do Ministério do Turismo.

Pergunta que não quer calar: quem vai mesmo enfrentar o prefeito João Campos em 2024?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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