Institutos de pesquisa vão precisar se reinventar em 2023

 

Além de tudo o que já provocou de radicalização na política brasileira, a eleição deste ano causou um grande estrago nos institutos de pesquisa, agora desafiados a se reinventar para subsistir. Foi-se o tempo em que se acreditava piamente no que eles diziam, notadamente os mais sérios. Até acontecer o primeiro turno, a credibilidade, atacada só pelos bolsonaristas, ainda estava patente, mas, com o resultado final, quando os principais e mais credenciados medidores da vontade popular foram surpreendidos por números bem diferentes dos que apresentavam na véspera do pleito, não foi mais possível negar que uma ampla e clara reformulação precisa ser feita.

É muito difícil, talvez impossível, fazer uma campanha eleitoral sem se basear em pesquisas, portanto os institutos continuam fundamentais, mas a regulamentação deles, de forma que se restabeleça a imagem que ganharam na sociedade ao longo de décadas, passou a ser inadiável. O Congresso analisa há anos um projeto nesse sentido sempre jogado debaixo do tapete. E o que aconteceu neste tempo? Surgiram, como se pode ver claramente este ano, um número enorme deles, alguns de que nunca tinha se ouvido falar, com pesquisas registradas no TSE e TREs, o que lhes deu reconhecimento oficial, sendo impossível jogar suas conclusões para debaixo do tapete.

Se os grandes institutos tivessem acertado o resultado do primeiro turno, certamente que os pequenos ficaram descredenciados, mas não foi isso que aconteceu. Com isso o problema ficou ainda maior. Quem vai daqui pra frente acreditar em pesquisas? Tá certo, como advertiu o cientista político pernambucano Antonio Lavareda, ainda no primeiro turno, que as pesquisas não são prognóstico eleitoral, mas uma tendência de momento. Quando são mostradas na TV, porém, com grande repercussão nacional, isso não é explicado e acaba com o eleitor imaginando que um candidato já ganhou ou já perdeu por um simples número que lhe é apresentado. O resultado traz prejuízo para quem está na frente, pois acomoda os militantes, e atrás, porque abandonado pelo eleitor que quer votar no vencedor. E isso existe, infelizmente.

Motivos do descrédito

Além do fato exposto por Lavareda foram levantados outros problemas com as pesquisas. Eles vão desde o fato do censo demográfico brasileiro estar defasado, o último foi feito em 2010, o que evitaria aos institutos um retrato real da população, inclusive no que se refere ao crescimento do número de evangélicos, até a influência das redes sociais que tem feito com que a tendência do voto fique muito volátil a qualquer informação ou acontecimento inesperado.

TSE na berlinda

O TSE está na berlinda internacional depois que o ministro Alexandre de Moraes censurou órgãos de imprensa, entre eles a Jovem Pan, definindo o que podem falar e o que estão proibidos de divulgar. Depois disso, as críticas ao tribunal, então restritas aos bolsonaristas, se espalharam pelos órgãos de imprensa em geral no Brasil e no Exterior. Até o poderoso jornal The New York Times, dos Estados Unidos, se pronunciou nesses termos em uma manchete na qual se referia à atitude de Moraes: “um só homem pode decidir agora o que pode e o que não pode ser dito online”.

Marília e Raquel com o pé na rua e na estrada

Este final de semana, as candidatas Raquel Lyra e Marília Arraes vão estar nas ruas em busca de votos. Raquel faz uma grande movimentação pelo sertão. Este sábado estará em Petrolina, Ouricuri e Salgueiro e no domingo em Floresta, Serra Talhada e Arcoverde. Em todos esses municípios estará acompanhada dos prefeitos e outras lideranças que a apoiam. Marília fará reunião das 9 às 10 horas deste sábado acompanhada do deputado estadual Wanderson Florêncio. Das 10 às 12 horas faz carreata no Ibura e de 15 às 18 horas, mini-carreatas com vereadores do Recife. No domingo vai se reunir pela manhã com lideranças no comitê e de 11 às 18 horas fará gravações para o programa eleitoral.

Pergunta que não quer calar: quais institutos de pesquisa vão conseguir atravessar a crise atual e sair mais fortes desse embate?

 

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

Compartilhar