Influência de Eduardo se esgotou e PSB entra na fase do “salve-se quem puder”

 

Em 13 de agosto de 2014, em plena campanha para presidente da República, o governador Eduardo Campos, sob o argumento de que precisava pacificar o estado, como fizera Getúlio Vargas no Rio Grande do Sul antes de ser presidente, deu um golpe mortal na oposição, aliando-se a seu principal arqui-inimigo, o atual senador Jarbas Vasconcelos e o PSB nacional e local viviam períodos de euforia. Mas o acidente de avião que neste mesmo dia vitimou Eduardo criou tamanha comoção que até a eleição de 2022 mandava e desmandava por aqui.

Com imagens do falecido exaustivamente usadas na TV, o governador Paulo Câmara, escolhido por Eduardo para ser seu candidato a governador, ganhou dois mandatos sucessivos e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, garantiu sua reeleição e ajudou a eleger o filho mais velho de Eduardo, João Campos, para sucessor. A força da influência do grande mito, porém, se esgotou e a prova mais clara é o fato de João ter encontrado sérias dificuldades para vencer a prima Marília Arraes em 2020 e a fadiga de material que levou Geraldo e Paulo, dois neófitos na política, lançados por Eduardo para continuar com poder de mando, pois tinha ingerência total sobre os dois, nem se falam mais e o próprio Paulo se degastou a tal ponto que solicitou desfiliação da legenda quinta-feira passada incomodado com a postura de João Campos.

O ex-governador tinha todas as credenciais para ser ministro de Lula até pela amizade com o presidente mas João, com a força do mandato de prefeito da capital, alisou-se ao PSB paulista e, solenemente, rifou Paulo no processo, ajudando a indicar o paulista Márcio França para a Esplanada do ministérios. A segunda vaga ficou o próprio vice Geraldo Alckmin, também do PSB paulista. Humilhado no próprio Nordeste, uma vez que todos os seus colegas governadores viraram ministros, Paulo pediu o boné. Continua cotado para um cargo no Governo Lula e tudo indica que, por decisão do presidente, vá assumir a presidência do Banco do Nordeste.

Danilo no caminho

Outro que está altamente desgastado com o partido e pode também bater em retirada é o ex-deputado federal Danilo Cabral, que foi candidato a governador em 2022. Danilo já viu o PSB de Pernambuco, por influência do prefeito, indicar os ex-deputados Tadeu Alencar e Milton Coelho para cargos importantes do segundo escalão e Danilo a ver navios. Não satisfeito, João articulou a ida de Rafael Dubeux, seu secretário de desenvolvimento econômico, para importante espaço no Ministério da Fazenda e Robeerto Gusmão, ex-presidente de Suape e cria de Geraldo Júlio, para a secretaria-executiva do Ministério dos Portos e Aeroportos.

Danilo no PT?

Ontem uma fonte credenciada do PT revelou a este blog que tanto Paulo quanto Danilo podem se filiar ao Partido dos Trabalhadores. O ex-governador está mais perto disso mas Danilo não tem escondido de ninguém seu desconforto. Queixa-se inclusive de corpo mole de João Campos na sua candidatura a governador, não tendo se engajado, da forma como se esperava, na campanha de rua e nem na TV. O desgaste socialista é tal, por conta dessas desavenças, que da bancada de 13 deputados na Alepe a governadora Raquel Lyra, mesmo sem oferecer espaço, já conquistou três deputados para sua base podendo chegar a cinco.

João, o líder jovem

Agora para se manter vivo, mesmo que bem menor, o PSB precisa desesperadamente que João Campos, sua nova maior aposta, vença a reeleição no Recife em 2024 quando vai enfrentar um candidato da governador Raquel Lyra. Se Raquel estiver bem até lá ele pode ter dificuldade. É possível que surjam outros nomes na disputa pela direita, como o deputado federal evangélico André Ferreira, levando o pleito para o segundo turno quando o mais provável seria o candidato do PL se aliar ao de Raquel. Só o tempo vai dizer se o PSB sobreviverá.

PP apoia Álvaro e Gustavo

Logo depois que o deputado Antônio Moraes desistiu da disputa na Alepe, a bancada do PP apoiou Álvaro Porto para presidente e Gustavo Gouveia para 1.o secretário. O União Brasil que já tinha apoiado Porto também apoiou Gustavo.

Pergunta que não quer calar: o que teria levado mesmo Geraldo Júlio e Paulo Câmara ao rompimento, jogando o PSB estadual na encruzilhada em que se encontra?

E-mail: terezinhanunescosta@gmail.com

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