Diversidade

Inclusão na prática: Startup apoia pessoas com deficiência na busca por emprego

O desenvolvedor de software, Matheus Willock tem deficiência auditiva e conseguiu realocação no mercado de trabalho – Foto Divulgação

 

De acordo com o último levantamento do IBGE, aproximadamente 24% da população brasileira tem algum tipo de deficiência, o que equivale a mais de 45 milhões de pessoas, e, desse total, apenas 1% está no mercado de trabalho.

A pandemia e a crise financeira dificultaram a oferta de emprego para todos. Para quem tem algum tipo de deficiência, ainda mais. O desenvolvedor de software, Matheus Ferreira Willock, 24, conta que trabalhava em um banco em 2019 e decidiu mudar de área. Não queria mais ser apenas um número na empresa para cumprir o programa de cotas de PcD (Pessoa com Deficiência).”Senti que estava lá só para cumprir cota. Eu queria outras responsabilidades, mas me deixavam aquém das minhas capacidades”, diz Willock, que tem perda auditiva moderada nos dois ouvidos. Ele usa aparelhos bilaterais e consegue se comunicar com facilidade.

Pediu demissão e sair da parte financeira para a tecnológica. “Logo veio a pandemia e dificultou tudo, então, comecei a trabalhar como entregador de comida. “Em 2020, conheceu a Egalitê, startup que conecta trabalhadores com deficiência a empresas. Foi trabalhar no Mercado Livre, onde consegui uma promoção. Como consegue ouvir bem com aparelho, ele diz que não sofre tanto preconceito. Mas já viu outros candidatos serem excluídos de processos seletivos por só se comunicarem por Libras.”Alguns tinham o currículo até melhor que o meu, mas não ficavam com a vaga. “Matheus conta que as pessoas normalmente soltam frases capacitistas na linha ‘nossa, mas você parece tão normal’ ou excluem o colega de trabalho pela sua deficiência.

 

Guarda vidas auxiliam mulher em cadeira adaptada/programa praia acessível, na praia de Iracema, Fortaleza.


O novo sócio e COO (Chief Operating Officer) da Egalitê, Djalma Scartezini, tem dificuldade de locomoção e repara que a deficiência acaba sendo o ‘cartão de visita’ do profissional.”As pessoas têm dificuldade de olhar o potencial desse funcionário. Existe uma barreira atitudinal, colegas se afastam com a desculpa de ‘não sei lidar’ com a deficiência”, afirma. Ele concorda que muitas empresas contratam PcD para cumprir cotas, ou seja, a Lei 8.213/91, que define que empresas com mais de cem funcionários devem contratar pessoas com deficiência.

“O grande problema é que elas não se preparam para receber esse funcionário e realmente serem inclusivas, permitindo que ele exerça todo seu potencial”, comenta Guilherme Braga, fundador da Egalitê.Para ele, é preciso mudar a cultura corporativa de que deficiência é vista como ineficiência. Além de conectar pessoas com PcD com as empresas, a Egalitê também prepara essas empresas para realmente serem inclusivas.A empresa, que atua desde 2010, já inseriu no mercado de trabalho mais de 8.000 profissionais com deficiência.

A tecnologia desenvolvida pela startup permite fazer uma avaliação comportamental do candidato, que resulta em mais de 3.125 combinações dispostas em gráfico.Além de serviços de recrutamento utilizados por 75 mil candidatos em todo o país, a Egalitê oferece workshops e treinamentos para capacitar empresas a estabelecerem processos seletivos.”A tecnologia conta com o propósito de promover mudanças e democratizar o acesso e a utilizarmos de forma pragmática para mostrar que a inclusão gera resultados”, diz o fundador. “Caso um recrutador não queira contratar essa pessoa, é por uma barreira da empresa, e não do candidato”.

 

Blogdellas com informações e fotos dos veículos e das assessorias de imprensa.

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